Da AGÊNCIA MINAS
Pacientes que sofrem de artrite reumatóide poderão contar, em breve, com um novo aliado no tratamento. Os Serviços de Recursos Vegetais e Opoterápicos e de Virologia Molecular e Bioprodutos, da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão desenvolvendo um medicamento, de uso externo, a partir do veneno de abelha, que terá propriedades analgésicas e antiinflamatórias.
A pesquisa de “Desenvolvimento Farmacêutico de Biopoduto para o tratamento de Artrite Reumatóide” começou em 2004, e a previsão é de que o produto esteja pronto para o estudo clínico (Fases I e II), em julho de 2009. O projeto recebeu financiamento de R$ 300 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde - PPSUS).
Durante o estudo, os pesquisadores da Funed isolaram, purificaram e caracterizaram a apitoxina (substância presente no veneno das abelhas) proveniente da espécie Apis mellifera. As frações purificadas do veneno passaram pelos estudos biofarmacêuticos in vitro, ou seja, no laboratório; e agora passam pelos testes in vivo, ou seja, em animais de experimentação. Para elaboração do medicamento, serão feitas análises para determinar se a melhor forma de apresentação do produto será a pomada, gel ou loção.
A pesquisadora Esther Margarida Ferreira Bastos explica que o processo para chegar à fabricação do medicamento exige várias etapas. Primeiro, a coleta no campo; em seguida, o fracionamento do veneno coletado; e a purificação, retirando a porção que causa alergias e conservando o restante para os testes farmacológicos, que verificam a eficácia.
A artrite é uma inflamação nas articulações, que provoca dor, limitação de movimentos e até deformidades, podendo afetar adultos e crianças. “O medicamento tem muitas vantagens: de origem natural, não apresenta efeitos colaterais e vai atuar diretamente para alívio do problema dos pacientes”, explica Esther Bastos.
Minas Gerais é o único Estado brasileiro que produz a chamada Própolis Verde, substância produzida pelas abelhas da espécie Apis Mellifera, a partir do alecrim do campo ou vassourinha, planta nativa do cerrado brasileiro. O produto está em processo de obtenção de denominação de origem, ou seja, de certificação de que é produzido somente em Minas Gerais.
“O objetivo é de agregar valor ao produto, tipificando-o para a exportação e valorizando o potencial brasileiro. O Brasil fabrica vários produtos típicos que não têm certificação. Nosso conhecimento sobre a própolis verde é tão grande que, hoje, temos condições de denominá-la um “produto nosso”, afirma a bióloga Esther Margarida Bastos, chefe do Serviço de Recursos Vegetais e Opoterápicos da Funed.
Para alcançar a certificação, pesquisadores da Funed estão fazendo as análises necessárias, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Brasileiras (Sebrae) disponibilizará a documentação de montagem da certificação de origem e a Federação Mineira de Apicultora fornecerá o selo de garantia. O Núcleo de Inovação Tecnológica e de Proteção ao Conhecimento da Funed está acompanhando o processo para assegurar os direitos da Instituição e dos pesquisadores.
A Funed faz, desde 2003, um estudo de parametragem biológica em seu Serviço de Recursos Vegetais e Opoterápicos. Os estudos já têm como conclusão que a coloração verde desse tipo de própolis está associada aos seguintes aspectos: solo, planta, abelha, época do ano (outubro/abril), clima e interações biológicas com herbívoros. Tais aspectos são fundamentais para a denominação de origem, que vai certificar Minas Gerais como Estado produtor. O Projeto de Denominação Geográfica de Própolis Verde Produzida em Minas Gerais termina em julho de 2009 e, até março de 2010, a Denominação de Origem estará disponível.
A própolis é bastante utilizada para o combate a enfermidades causadas por microorganismos, sendo considerada um antibiótico natural. Em alguns países, há estudos sobre a atividade da própolis como inibidor de tumores e já existe sua utilização como auxílio em terapias para tratamento de câncer. Atualmente, a própolis produzida em Minas Gerais é comercializada, em sua maior parte, em países asiáticos.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
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