segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Minas pesquisa novo medicamento para artrite reumatóide

Da AGÊNCIA MINAS

Pacientes que sofrem de artrite reumatóide poderão contar, em breve, com um novo aliado no tratamento. Os Serviços de Recursos Vegetais e Opoterápicos e de Virologia Molecular e Bioprodutos, da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão desenvolvendo um medicamento, de uso externo, a partir do veneno de abelha, que terá propriedades analgésicas e antiinflamatórias.

A pesquisa de “Desenvolvimento Farmacêutico de Biopoduto para o tratamento de Artrite Reumatóide” começou em 2004, e a previsão é de que o produto esteja pronto para o estudo clínico (Fases I e II), em julho de 2009. O projeto recebeu financiamento de R$ 300 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde - PPSUS).

Durante o estudo, os pesquisadores da Funed isolaram, purificaram e caracterizaram a apitoxina (substância presente no veneno das abelhas) proveniente da espécie Apis mellifera. As frações purificadas do veneno passaram pelos estudos biofarmacêuticos in vitro, ou seja, no laboratório; e agora passam pelos testes in vivo, ou seja, em animais de experimentação. Para elaboração do medicamento, serão feitas análises para determinar se a melhor forma de apresentação do produto será a pomada, gel ou loção.

A pesquisadora Esther Margarida Ferreira Bastos explica que o processo para chegar à fabricação do medicamento exige várias etapas. Primeiro, a coleta no campo; em seguida, o fracionamento do veneno coletado; e a purificação, retirando a porção que causa alergias e conservando o restante para os testes farmacológicos, que verificam a eficácia.


A artrite é uma inflamação nas articulações, que provoca dor, limitação de movimentos e até deformidades, podendo afetar adultos e crianças. “O medicamento tem muitas vantagens: de origem natural, não apresenta efeitos colaterais e vai atuar diretamente para alívio do problema dos pacientes”, explica Esther Bastos.

Minas Gerais é o único Estado brasileiro que produz a chamada Própolis Verde, substância produzida pelas abelhas da espécie Apis Mellifera, a partir do alecrim do campo ou vassourinha, planta nativa do cerrado brasileiro. O produto está em processo de obtenção de denominação de origem, ou seja, de certificação de que é produzido somente em Minas Gerais.

“O objetivo é de agregar valor ao produto, tipificando-o para a exportação e valorizando o potencial brasileiro. O Brasil fabrica vários produtos típicos que não têm certificação. Nosso conhecimento sobre a própolis verde é tão grande que, hoje, temos condições de denominá-la um “produto nosso”, afirma a bióloga Esther Margarida Bastos, chefe do Serviço de Recursos Vegetais e Opoterápicos da Funed.

Para alcançar a certificação, pesquisadores da Funed estão fazendo as análises necessárias, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Brasileiras (Sebrae) disponibilizará a documentação de montagem da certificação de origem e a Federação Mineira de Apicultora fornecerá o selo de garantia. O Núcleo de Inovação Tecnológica e de Proteção ao Conhecimento da Funed está acompanhando o processo para assegurar os direitos da Instituição e dos pesquisadores.

A Funed faz, desde 2003, um estudo de parametragem biológica em seu Serviço de Recursos Vegetais e Opoterápicos. Os estudos já têm como conclusão que a coloração verde desse tipo de própolis está associada aos seguintes aspectos: solo, planta, abelha, época do ano (outubro/abril), clima e interações biológicas com herbívoros. Tais aspectos são fundamentais para a denominação de origem, que vai certificar Minas Gerais como Estado produtor. O Projeto de Denominação Geográfica de Própolis Verde Produzida em Minas Gerais termina em julho de 2009 e, até março de 2010, a Denominação de Origem estará disponível.

A própolis é bastante utilizada para o combate a enfermidades causadas por microorganismos, sendo considerada um antibiótico natural. Em alguns países, há estudos sobre a atividade da própolis como inibidor de tumores e já existe sua utilização como auxílio em terapias para tratamento de câncer. Atualmente, a própolis produzida em Minas Gerais é comercializada, em sua maior parte, em países asiáticos.

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