sexta-feira, 21 de setembro de 2012

‘Perdidos ‘na manha’/das eleições’ (III)




Graças a Deus, “apertado-de-costura” com tanto trabalho pelo Interior, nesta reta final de campanhas políticas, felizmente, não tenho tido tempo de “assuntar”, amiúde, a corrida municipal no Leste de Minas, principalmente em Valadares e na minha amada Guanhães. “Felizmente”, sim, pois, até a dificuldade de comunicação nos grotões mineiros em que, em serviço (Marketing Político/Consultoria), tenho me embrenhado, tem contribuindo para poupar o autor e leitores deste espaço, do dissabor de assistir a tantos absurdos (da falta de palavra a apresentação/discussão de propostas) que – doce ilusão – imaginava já terem sido banidos da vida política nacional.

O feudal coronelismo, que parecia já ter sido sepultado, ainda ressurge, mesmo de maneira velada, em alguns casos. A antiga Figueira do Rio Doce, que, até o comecinho dos anos setenta, tinha a mão-de-ferro do temido Coronel Pedro, embora em quase nada lembre os novos tempos de outro coronel que palpita na política de Governador Valadares, é um exemplo de que esse “poder militar” ainda está vivo.

Já na minha amada terrinha, e onde ainda sou eleitor, dois candidatos disputam os votos dos guanhanenses – um ex-prefeito, filho da terra, mas com processos na Justiça ainda não “transitados em julgado”; e um funcionário de uma autarquia, de fora, inclusive de política. Neste caso, a escolha seria menos difícil se os meus conterrâneos tivessem outra alternativa, nesse pleito, como, aliás, juntamente com o amigo Emerson Campos (filho do Tito-do-Benjamim), cheguei a tentar. Mas a pessoa sondada – por sinal, “uma mulher distinta” – para disputar essas eleições em Guanhães não quis “arriscar” comprometer sua vidinha tranquila, e declinou-se do nosso convite.

Sem contar os achaques de um veículo de Comunicação local a ambos os candidatos que, temendo represálias, cederam aos caprichos de seus executivos, que – pasmem –! acabaram, com isso, conseguindo trabalhar nas duas campanhas, a confusão na cabeça do eleitor é generalizada. Nos últimos programas eleitorais de Rádio, enquanto um centraliza suas baterias de ataques na crônica questão da Saúde, e não cita fontes que comprovem, realmente, as acusações, o outro leva gente de fora para dar palpites na vida da cidade que mal conhece, a ponto de um atento observador indagar se o Programa é do candidato a futuro prefeito ou se é do atual, ainda ocupante do trono municipal?!

Em respeito aos leitores deste Blog, nem vou me alongar mais...!



(P.S.:

Charge/Ilust. compartilhada do colega Son Salvador)



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

‘Perdidos ‘na manha’/das eleições’ II



Mesmo alguns continuando um pouco “perdidos...”, em meio a tantos compromissos de campanha – hoje, reduzidos, por força de lei, a pouca coisa além de muita sola de sapato, comícios sem artistas e carreatas (Ilust.Internet/Divulgação), os candidatos às prefeituras da Grande BH, com raras exceções, já têm a eleição praticamente definida, a pouco mais de um mês do pleito municipal deste ano.

Esse deve ser o caso do médico Fernando Neto, que, há anos, se dedica à Saúde, principalmente, dos mais carentes de Vespasiano, Lagoa Santa e Belo Horizonte. A dedicação do carismático "Dr. Fernando" a um setor que é um verdadeiro "calcanhar-de-aquiles" em todo o Brasil está sendo reconhecida pela população de Lagoa Santa, que, agora, quer levá-lo, pelo voto, à Chefia do governo municipal. E, pelo que apontam as últimas pesquisas eleitorais, "essa conquista está bem próxima".

Segundo matéria do conceituado semanário “Edição do Brasil” http://www.jornaledicaodobrasil.com.br/site/wp-content/themes/twentyeleven/PDF/atual/ultima_edicao.pdf

que circula esta semana, a situação é bem confortável, por exemplo, para o Dep. Fed. Carlaile Pedrosa (PSDB), que, contando com cerca de 30% de diferença, a seu favor, nas últimas pesquisas, deve se eleger em primeiro turno, em Betim, derrotando a prefeita Maria do Carmo Lara (PT). Seu colega na Câmara dos Deputados, o democrata Vitor Penido deve retornar, mais uma vez, à Chefia do Executivo de Nova Lima.Também o peemedebista Carlos Murta (PMDB) e Alvimar Barcelos, o “Nenem da Asa”, devem ser reeleitos em Vespasiano e Brumadinho, respectivamente.

Como, apesar do apoio da prefeita Marília Campos, “a candidatura do Dep. Durval Ângelo (PT) não deve passar de onde já está”, segundo observadores, é possível que a eleição, em Contagem, seja decidida mesmo, é em segundo turno, provavelmente, entre Ademir Lucas (PSDB) e o Dep. Carlin Moura (PCdoB). Neste caso, melhor para a Cidade Administrativa, que terá, na Prefeitura do município vizinho, um do partido do governo, ou outro, da base aliada governista na Assembleia Legislativa.

Aliás, espera-se, para o próximo ano, uma boa troca de cadeiras na Casa de Leis mineira, com vários parlamentares sendo eleitos prefeitos. É o caso, entre outros, do Dep. Antônio Júlio (PMDB), que está “bem colocado” na corrida pela Prefeitura de Pará de Minas.

Mas a “grande lavada” – “de alma e de votos” –, na Grande BH, deve ser dada pelo empresário Carlos Calixto (PSB) que pode “dar o troco”, agora, devolvendo ao seu sucessor na Prefeitura de Santa Luzia, a “balaiada” de mais de 60% que tomou, na última eleição, do atual prefeito Gilberto Dorneles (PSD). É que, por ser médico, os luzienses esperavam que o “Dr. Gilberto” fosse “dar um jeito” na saúde da população local. Em pouco tempo, no entanto, 58,1% deles, hoje, já se dizem “decepcionados” com “a pior administração de Santa Luzia em todos os tempos”, e muita gente ainda não sabe em quem votar (24,6% na estimulada e 39,7% na espontânea), como se manifestaram nas recentes pesquisas eleitorais, principalmente, na última (DataTempo/CP2), divulgada nesta quarta-feira. “Nada ‘escapou’... Até a Saúde ele (o doutor) levou pro buraco”, desabafa um morador da Rua Direita, no Centro de Santa Luzia.

Da mesma forma que o alertei sobre o iminente risco de derrota no último pleito, principalmente, por não conseguir explicar a estranha “composição óleo-e-água” da chapa PR-PT, que colocou “no mesmo saco”, seu então arquirrival, o petista Denílson Martins, e com a qual disputou a eleição anterior, “cantei a pedra” – há mais de um ano – ao Calixto, lembrando-o de que “nem precisaria de adversário na próxima eleição”, pois o seu “maior cabo eleitoral seria mesmo a péssima administração do seu sucessor”. Ao que parece, e, modéstia às favas, a previsão ditada pela experiência de mais de 30 anos de crônica política, vai mesmo se confirmar.

À frente apenas do ex-prefeito Wilson Vieira, do PSC, que, atualmente, segura a “lanterninha” de 0,6%, nesse “túnel” eleitoral, e com uma das maiores rejeições de todo o Brasil, Dorneles amarga a rabeira (5,1%) da disputa por mais um mandato de prefeito da histórica Santa Luzia. O percentual é o mesmo de Aguinaldo Campos (PSDB), ex-secretário de Esportes de Vieira e Calixto, e atual desafeto do Dr. Gilberto, de quem continua sendo vice-prefeito. Gilberto Dorneles consegue fica atrás até da petista Cristina, irmã do Dep. Fed. Miguel Corrêa (10,3%), que tem contra si, o simples fato de nem residir no município. Como se isso não bastasse, a ausência de Cristina e Gilberto, no debate promovido, no último sábado, pela Rádio Santa Luzia FM, “pegou muito mal”, segundo muitos eleitores que congestionaram os telefones da emissora local, cobrando, “pelo menos, uma satisfação” sobre o não comparecimento de ambos.

Com exatos “49,3% das intenções de voto”, ou seja, 39% de distância da segunda colocação, conforme o último levantamento, Calixto está se dando ao luxo de usar, no Comitê Central instalado em ampla área de uma das suas empresas, próxima ao Mega Space, igualmente de sua propriedade, uma das mais enxutas equipes numa das campanhas mais baratas da atualidade, em todo o Brasil.

“E olha que, como se percebe, o próximo prefeito de Santa Luzia, sendo um dos mais abastados empresários brasileiros, nem ligaria pra custo de campanha” – me sopra ao ouvido, um serelepe observador da cena política luziense, sem saber qual jornal de campanha folhear primeiro. “Aqui, cada candidato tem um”, constata o atento (e)leitor.

sábado, 1 de setembro de 2012

Perdidos ‘na manha’/das eleições



Depois de duas semanas de programas eleitorais gratuitos no rádio e na televisão, e a pouco mais de um mês das próximas eleições municipais, “muita água ainda ‘pode’ passar por debaixo da ponte” – em muitos lugares, ou simplesmente, “nem passar...” – em outros. São alguns dos fenômenos políticos que se repetem a cada eleição (Foto/Ilust. compartilhada Facebook/Jackson Gomes Pinto).

Trocando em miúdos, o esperado aguaceiro de doações financeiras às campanhas políticas não vem (o)correndo, como se esperava. Seja pela própria dificuldade em se conseguir o “vil metal”, seja, principalmente, por medo de que, por força de recibos (com informações cadastrais de quem doa e de quem recebe) e cruzamento de informações contábeis, devidamente fiscalizadas pelo Tribunal Eleitoral, os doadores tenham que prestar contas ou, sejam, simplesmente, conhecidos. “Exceto no caso de Belo Horizonte (em que um dos principais candidatos à PBH tem ‘cacife financeiro’ para bancar, até sozinho, a própria campanha”, quando muito, “a arrecadação está bem aquém do que se esperava”, é voz geral. “Até agora, no máximo, três por cento, se tanto (em relação à expectativa), têm sido arrecadado”, garante um desanimado marqueteiro experiente.

Em alguns municípios, a falta de dinheiro é tanta que, sem condições de contratar profissionais especializados, nem pesquisas têm sido feitas. E os programas eleitorais de rádio, notadamente, os de menor duração, ainda estão limitados a pequenas inserções comerciais dos candidatos, ou seus responsáveis tendo que “rastejar a bandeja em busca de recursos”, quase sempre em “migalhas”.

Nem em outras cidades, que podem contar com marqueteiros competentes, a situação não é tão melhor – nem para as agências de Marketing Político, nem para boa parte dos candidatos às prefeituras. Até as últimas eleições municipais, normalmente, no máximo, até o início da segunda quinzena de julho, as agências já estavam escolhidas, os profissionais contratados e os trabalhos já iniciados, em alguns casos, desde o mês anterior, notadamente nas campanhas apoiadas pelo “maior, mais poderoso e importante partido de Minas, o PL (Palácio da Liberdade)”.

Hoje, muita coisa vem se alterando e se alternando, a partir da mudança do centro do poder (que dá poder ao partido citado acima) para a Cidade Administrativa, distante do Centro da Capital mineira. Aliás, a campanha, aqui, continua, convenientemente, na base do “fogo-amigo”, já que os principais candidatos são afilhados dos caciques nacionais e, guardadas algumas proporções, praticamente “farinha do mesmo saco”, já que, até recentemente, vinham se servindo da mesma fonte, do mesmo poder. Comenta-se que, devido a turras passadas, os “homens-da-campanha” de Márcio Lacerda é que não morrem de amores entre si – Paulo Vasconcelos, amigo-do-peito de Aécio, e Cacá Moreno, da confiança de Lacerda –, cabendo ao licenciado secretário de Comunicação da PBH, Regis Santos, o papel de “cupido”, com poderes, na campanha, até para admitir e demitir equipes.

Sem contar os marqueteiros avulsos – como Marco Otávio, que fez o colega Márcio Fagundes trocar “a penúria do PPL, de Tadeu Martins”, em BH, por uma “campanha de Formiga” (no Oeste de Minas) –, as agências é que “têm rebolado” ou “se virado” para conseguir uma fatia cada vez menor do bolo de marketing das campanhas no Interior mineiro, cujas contas, agora, mais do que nunca, estão divididas também com as empresas locais e regionais. É o caso, por exemplo, das agências de Comunicação “Atitude...” e “Fórmula P”, muito conhecidas no Triângulo Mineiro. Estas atendem a dois candidatos bem cotados, em Uberaba: a primeira, por indicação do Dep. Fed. Marcos Montes (DEM), está com a campanha do Dep. Antônio Lerin (PSB), cujo coordenador é o conhecido João Franco, ex-poderoso diretor-geral da Assembleia de MG (à época da passagem do seu atual desafeto, Ânderson Adauto, pela presidência do Legislativo mineiro) e que, até pouco tempo, acumulava duas secretarias municipais no Executivo atual; e a segunda, com a do Dep. Fed. Paulo Piau (PMDB), ambos com boas chances de vitória no próximo pleito.

Curiosamente, e, ao que parece, a “Solis”, que era responsável pelas polpudas contas publicitárias da Câmara e da Prefeitura uberabenses, por “sugestão”, claro, do “padrinho” dos jovens donos da Agência, o polêmico ex-ministro Ânderson Adauto (PMDB), tem sua tropa-de-campanha fora da relação dos principais marqueteiros trabalhando na região, nessas próximas eleições. Talvez, porque ao se debandar para a trincheira petista, na tentativa de recuperar seu espaço político, disputado até na Justiça, o atual ocupante do trono municipal de Uberaba tenha encontrado, já trabalhando na campanha do Dep. Adelmo Carneiro Leão, postulante à sua sucessão à frente do Executivo local, uma agência de Belo Horizonte, por sinal, recordista em campanhas políticas, este ano, em todo o território mineiro.

Historicamente, responsável pelas campanhas de candidatos apoiados pelo Governo de Minas (PSDB e sua base política), a agência de Paulo Vasconcelos, certamente, preocupada com esse tempo-de-vacas-magras, está fazendo a campanha (quem diria?!) do candidato do PT, Dep. Durval Ângelo, à Prefeitura de Contagem, na Grande BH. Além desse contrato, o conhecido publicitário, agora sem seu braço-direito, Fábio Valença, que, praticamente, mudou-se para o Rio de Janeiro, só ficou com as campanhas do Dep. Luiz Humberto Carneiro – que tem tirado o sono de muita gente na Cidade Administrativa, especialmente, no Palácio Tiradentes, pois, dificilmente, o candidato do PSDB conseguirá ultrapassar o petista Dep. Fed. Gilmar Machado –, na corrida pela Prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro; Dep. Fed. Jairo Ataíde (DEM), em Montes Claros; e “só a metade da campanha de Márcio Lacerda (PSB)”, em Belo Horizonte.

Mas, pelo que se tem notícia, os dois maiores pratos desse “pitéu” (termo ressuscitado por “Seu Tunico”, personagem da atual novela “Gabriela”) ficaram mesmo com duas agências de Comunicação da Capital mineira. A “Fúria...”, de outro Cacá, o Soares, e de seu companheiro Luiz Carlos, está “saboreando” campanhas em nada menos de 12 municípios: Caeté, Cel. Fabriciano, Itabirito, Janaúba, João Monlevade, Nova Lima, Paracatu, Pompéu, S. João Del Rei, Timóteo, Uberaba e Varginha; e a “Faz!”, do competente Helinho Faria, abocanha quase 10 “nacos” desse “acepipe”, destacando-se os trabalhos para candidatos de Caeté, Pará de Minas, Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Vespasiano, além de um outro, “degustado” além das montanhas mineiras – no caso, a campanha de um candidato à Prefeitura de Florianópolis-SC. Enquanto um deputado da base aliada do Governo mineiro, com influência a partir de Varginha, onde já foi prefeito (1983 a 1988), estufa o peito e garante que, “desta vez, vamos derrotar o PT também no nosso Sul de Minas”, a “Faz!” bate em retirada e, literalmente, deixa de fazer uma campanha “interessante” para muitos colegas. É que, segundo seu titular, a Agência “não é mais” a responsável pela campanha da herdeira política do saudoso José Aparecido de Oliveira – Maria Cecília –, à Prefeitura de Conceição do Mato Dentro.

Na RMBH, a campanha política já esquentou, principalmente nos municípios mais próximos da Capital mineira. Tanto, que merece um espaço especial nas próximas edições deste Blog, que, por sinal, e, como não poderia deixar de ser, estranha o pedantismo de uma marqueteira, cujo nome nem o candidato a que(m) atende sabe o nome. Pasmem! Ela, simplesmente, determina a uma colega da sua equipe, que avise a quem a chamou, ao telefone, que, “melhor do que esperar que ela retorne sua ligação, é mandar um e-mail” para a vaidosa publicitária. “Tem base?” – perguntaria o saudoso “Colírio”, de Abaeté.

Antes disso, porém, vamos ao Leste mineiro, “assuntar” a política nos municípios de Valadares e Guanhães. No primeiro, um certo coronel(ismo) se agasalha em ninho-de-alta-plumagem, e insiste em dar pitacos na política, como fazia, dando ordens, em seus idos tempos de caserna; e, no segundo, pelos programas eleitorais gratuitos de rádio que tenho ouvido, principalmente, pela Internet, o pessoal de campanha dos candidatos à Prefeitura de Guanhães, a minha amada terrinha, tem pisado-na-bola e me deixado “pasmo” com tamanha falta de profissionalismo e ética. Verdadeiro pano-pra-manga, que o assunto deve render ao ser “costurado”, no próximo “post”, aqui, neste espaço.
Aguardem!!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Alfarrábio Político


Ao retomar este Blog, justamente na véspera de assistirmos aos primeiros programas eleitorais gratuitos de rádio (foto/Ilust./Google) e televisão, com vistas às eleições municipais de 7 de outubro próximo, e por sugestão de uma colega, busquei, nos meus alfarrábios (que sobreviveram às sucessivas formatações de PCs e laptops), o

Artigo abaixo, publicado (com parte dos comentários que consegui recuperar) no Site de Comunicação COMUNIQUE-SE – 19/08/2002 – 1º Caderno.



Passados exatos 10 anos, e pela atualidade do tema, divido-o, ipsis litteris, com os amigos (e)leitores:


(N.B.:
Para se entender a sequência dos comentários (que
obedeceu ao formato da publicação original), ao fim
do Artigo, deve-se lê-los de baixo para cima.
Ou seja: do último – 23/08/02 – para o 1º – 13/09/02)



Ao 'plim-plim' de campan(h)a
Dimas Lopes (*)


Às vésperas das próximas eleições, é mister chamar a atenção do eleitorado, para uma série de coisas em torno desse processo cívico, infelizmente, ainda não totalmente absorvido por boa parte de nossa população. Mesmo porque, ficar à margem dessa efeméride é tão absurdo quanto querer negar a sua importância na vida de todos nós.
Por mais analfabetos políticos que sejamos, ou por mais que queiramos ficar alheios à maratona eleitoral, devemos reconhecer: as eleições mexem com todo mundo, direta ou indiretamente - se não enquanto meros espectadores durante a campanha, com remorso, depois, quando poderemos sentir o peso da (ir)responsabilidade pela omissão de não termos participado. Mas aí poderá ser tarde, muito tarde...
É claro que, se não é muito saudável, pelo menos, é pouco agradável a imposta convivência com um sem-número de cartinhas, panfletos, santinhos e outras ferramentas de marketing político, quase sempre de gosto duvidoso, abarrotando nossas vias públicas ou entulhando nossas caixas postais; os estridentes alto-falantes nos perturbando a todos; cartazes por todo lado, principalmente em cada poste de iluminação; e até o acinte aos compêndios de História e de Língua Pátria. A propósito dessa última perturbação, partindo de quem, intelectuais que são, deveriam nos dar o exemplo da correção também idiomática, escorregam até no vernáculo.
Há quatro anos, além de engolir uma vírgula no imperativo “Avança Brasil” estampado no out-door de campanha que mutilava o pavilhão nacional, inserindo tal exortação no lugar do “Ordem e Progresso”, o então candidato à reeleição presidencial ainda subestimou nossa mediana inteligência, ao afirmar que “o Brasil não quer(ia) voltar atrás”, mesmo sabendo-se que o protagonista (e principal interessado) da frase tentava - e conseguiu - repetir o mandato imediatamente anterior. Agora, o principal afilhado político do mesmo prócer indaga também em out-door: “Você lembra DO seguro (...), DA saúde (...)?”. Ora, que eu ME lembre disso, e, na impossibilidade de lembrar O (...), A (...), deveria ser “SE lembra do (...), SE lembra da (...)”.
Provocações à parte, não há como não admitirmos, por outro lado, que todo esse movimento gera recursos e empregos para uma desesperada parcela de brasileiros que quer, tão somente, o direito à dignidade de poder, pelo menos, tratar da família. Pois é em respeito a esses josés, antônios, marias, pedros e outros anônimos, que se espera uma campanha capaz de somar e debater idéias e ideais; e não o (des)nivelamento rasteiro - “u-ma ver-go-nha”, no entender de Boris Casoy, ou que “resvale à baixaria”, como abomina o mineiro Villas Boas Corrêa. Daí a imperiosa necessidade de ficarmos atentos e não nos sucumbirmos à sedução do comodismo de “deixar como está pra ver como é que fica”.
Assim é que, mesmo a contragosto de muitos, “está no ar...” o chamado “Horário Eleitoral Gratuito” em rádio e televisão. Haverá muita gente que, por certo, desligará seus aparelhos receptores; mas, inegavelmente, haverá outro tanto, ávida por conhecer melhor, principalmente pela televisão, os candidatos e suas propostas - alguns e algumas até grotescos, mas igualmente gozando do democrático direito de se apresentarem.
É a hora da verdade... Hora do Brasil mostrar - literalmente - a sua cara e a sua voz. Caberá a cada um de nós, ouvida a consciência (ou o travesseiro), escolher, pelo voto, entre os melhores - ou menos ruins, se preferem -, os que mais se identificam com nossas aspirações. É que, por mais que pareçam insólitos, esses nossos sonhos são plenamente realizáveis... e capazes de modificar o Brasil. Como na antiga canção, também agora “... só depende de nós!”
(*) Dimas Lopes é jornalista, radialista e escritor.

19/8/2002


Leia os comentários postados

Rosângela Gusmão [13/09/2002 - 02:30]
(Profissional Contratado)
O artigo de Dimas Lopes não traz muitas novidades para a discussão sobre a politica eleitoreira. Mas é pertinente, pq de maneira bem simples faz um alerta importante. Acrescento que o gde problema é o fato de alguns políticos se utilizarem das mazelas de um povo em prol de auto-promoção. Ao praticar o assistencialismo, muitos políticos enganam em busca de votos. É Isso dificulta o trabalho daqueles que são comprometidos com o resgate à cidadania, à dignidade e à auto-estima de um povo. É comum num país q ainda se morre por doenças q podem ser prevenidas por vacina, trocar votos por comida, trocados, obras.... Mas, é errado afirmar que o brasileiro não sabe votar ou tem memória fraca. O mesmo povo que colocou Collor no poder foi capaz de derrubá-lo, com a ajuda da imprensa (aí o nosso importante papel nesse processo). Somente com o debate, com a organização social, com a informação a gente pode vencer esse mal.

Maria Fernanda Garcia Macedo [11/09/2002 - 00:50]
(Freelancer)
Oi Dimas, muito bom te conhecer assim, depois de e-mails trocados na hora da insônia. Fique certo de que a segunda impressão é a que fica. Seu texto traduz meu sentimento pré-eleitoral, pena que, como você verifica, ainda não seja o de todos. Para aqueles que não podem compartilhar do seu texto, por motivos óbvios, sobra a cartilha do Jornal Nacional, o que já é grande coisa ( se nos lembramos e eleições passadas), embora não seja ainda toda a coisa sonhada.

Elaine Portela [07/09/2002 - 21:30]
(Freelancer)
Não podemos panfletear algumas destas considerações junto com alguns santinhos pelas esquinas?Sim porque são josés,antonios,marias e a grande população que precisa destes alertas. É apostando na política do "povo sem cultura" que estes políticos se enraizam nas câmaras e se manteem no poder ano após ano, sequer temos escolha pois são sempre os mesmos.Não existe opção, votamos e lamentamos trocar apenas "a noiva pois já conhecemos o sabor deste bolo". Parabéns Dimas e obrigado por nos oferecer a possibilidade de discutirmos este assunto.

Jussara Ferreira [06/09/2002 - 14:17]
(Empresário de comunicação)
Prezado Dimas, É oportuno e mais do que atual chamarmos a atenção para este tema. A consciência desperta é nosso maior triunfo. Está em nossas mãos decidirmos o nosso futuro (pelo menos o próximo) e não podemos perder a chance de participarmos com responsabilidade. Jussara Jornalista

Priscila Mackenzie [04/09/2002 - 01:44]
(Profissional Contratado)
Talvez o horário eleitoral, os debates políticos, entrevistas com os candidatos sejam o verdadeiro vestibular para esses cidadãos já que não existe a "faculdade dos políticos" .Cabe a nós eleitores analisar profundamente, observar todas as posturas, enfim ter responsabilidade ,pois não podemos nos dar ao luxo de reprovar mais uma vez nessa matéria.

Vanusa Oliveira da Costa [31/08/2002 - 01:52]
(Gerente-IBC do Brasil - SP)
Acho que falar que o nosso honroso jornalista escreve muito bem e tem uma consciência política muito boa já está ficando repetitivo, mas quero ressaltar isto novamente. Agora quanto a consciência do voto, tenho grandes esperanças que as coisas mudem, pois o brasileiro está ficando mais esperto... Vamos ver se minhas expectativas se cumprirão nas urnas. Agora é rezar para que o povo tenha se cansado de promessas vazias e que tenha vontade para mudar o Brasil. O voto é a arma que teremos contra todas as oliquarquias que nos perseguem desde a época de Cabral...

Dimas Lopes [29/08/2002 - 03:30]
(Freelancer)
Sobre as dúvidas da Danielle e da Karen, sobre o voto nulo, já solicitei ao Prof. Anis Leão (um dos maiores especialistas em legislação eleitoral e autor de alguns importantes trabalhos sobre o assunto) que nos esclareça a todos. E, quem, sabe, nos brinde com um artigo a respeito. Vamos aguardar!

Karen Gimenez [25/08/2002 - 19:44]
(Editor-Portal Universidade Solidária UniSol - SP )
Danielle, quem anula o voto dá valor a ele sim! Diz não quero nenhum desses, em vez de desperdiçá-lo com quem não merece. Não sei como está a legislação hoje, mas até há algum tempo, um determinado percentual de votos nulos tinha o poder de anular a eleição e obrigar os partidos a colocar outros candidatos num segundo pleito

Dyrce Lopes [25/08/2002 - 18:25]
(Freelancer)
A ironia do ciuminho do Caio, aí embaixo, teria uma pontinha de inveja - por que o cara é bom mesmo!? "Fala séééééério, garoto!!!" O fato de tantos comentários postados, com todo mundo (sensato) reconhecendo a propriedade do artigo, escrito por alguém de tanto talento (desperdiçado, pois, temporariamente, desempregado), o incomoda??? (Essa "arma" de incompetente é mais velha que andar pra frente, e não funciona mais, sabia?) Outra coisa - em nome do invejável Dimas (para quem tiramos o chapéu, sem "esse auê todo", como vc prefere), não posso falar, mas, gostaria de perder mais um tempinho só para lembrar ao Sr. CAIO PINTO, que, nem todo Lopes é do mesmo ramo - nem do saudoso Tim. E, se fosse, qual o problema, Sr. Caio? Por acaso (embora até tenha a ver), o seu sobrenome (...) indica algum parentesco com... Perereca??? Pois então! "Em boca fechada..."

Viviane Andrade Neves [25/08/2002 - 15:10]
(Freelancer)
Dimas Lopes, sobrinho do Tim?

Danielle Furlan [25/08/2002 - 13:30]
(Estudante)
Sem dúvida alguma este texto relata bem a nossa realidade e são textos como este que devem, ou pelos menos deveriam, ser lidos por nossos cidadãos. Pois ele nos faz atentar para a verdadeira e principal função jornalística em termos de campanha que é não só a apresentação de candidatos, mas o enfoque no eleitor, que cada vez mais cansado da vergonha política de nosso país, deixa-se encantar com discursos mirabolantes ou simplesmente não dá a devida importância ao seu voto, anulando-o. Ora, o que será do Brasil, se além das más administrações que temos, o próprio povo perder o interesse por si mesmo? Estamos vivendo não o período eleitoral, mas um jogo de publicidade! Parabéns Dimas Lopes! Este sobrenome é realmente de orgulho para o Jornalismo Brasileiro.

Karen Gimenez [25/08/2002 - 12:22]
(Editor-Portal Universidade Solidária UniSol - SP )
Analisar e refletir sobre o que nos é apresentado no período pré-eleitoral - e acompanhar a atuação daqueles escolhidos por nós - não só nos ajuda a optar pelo discurso que mais se aproxima de nossas expectativas, mas também nos dá munição para escolher aquele "candidato" que nunca se manifesta, mas está presente em todos os pleitos: o sr. "Nulo". Esse, possível de ser votado mesmo com o uso de urnas eletrônicas. Ao contrário do que muita gente pensa, que votar dessa forma é se omitir, é abrir mão de um direito democrático, a opção pelo candidato "Nulo" é um forma legítima de escolha. É dizer em alto e bom tom: não quero nenhum desses que me ofereceram. É mais digno, a meu ver, do escolher o "menos pior". E tem força política, podem ter certeza.

Sheyla Aparecida Fernandes [25/08/2002 - 11:49]
(Freelancer)
O seu texto está bem de acordo com a realidade, mas infelizmente muitas pessoas ainda não perceberam a importância do voto para que o Brasil cresça. Parabéns.

Viviane Andrade Neves [25/08/2002 - 09:25]
(Freelancer)
A nota a que me refiro foi inserida em 14/08/02, na seção "Carreira". Tá lá!

Viviane Andrade Neves [25/08/2002 - 09:21]
(Freelancer)
Dimas, dê uma chegada ao "Carreira" e clique na nota sobre o curso para formação de locutores "Texto e voz" do Fábio Martins. O homem era uma fera ferida de luxúria. Coisa de louco... Indescritível. Veja lá!

Dimas Lopes [24/08/2002 - 21:33]
(Freelancer)
(... CONT.) ... só tenho o prazer de conviver, pessoalmente (por enquanto), com os irmãos-camaradas Symphronio Veiga e Ivani Cunha, que dispensam apresentações; com as outras coleguinhas, o contato tem sido apenas virtual, principalmente acompanhando suas observações em outros links. E, finalmente, à(o) irônica(o) Vasconcelos, "apraz-me comunicar-lhe (...)" (rs) que, não sendo "o tão todo poderoso", no momento, estou desempregado, portanto, não trabalho para qualquer candidato, embora tenha o maior orgulho de ter integrado a equipe da Setembro Marketing Político, do talentoso Almir Sales, por sinal, das maiores reservas de lealdade e competência brasileiras. Se não estivesse disponível (meu telefone é (31)9992-9811), talvez não pudesse aceitar “suas prezadas ordens”, me convidando para trabalhar na sua “Publischer-Net – MG”, por cujo contrato antecipadamente agradeço.

Dimas Lopes [24/08/2002 - 21:27]
(Freelancer)
Aos coleguinhas que, até agora, se manifestaram, e aos outros que, porventura, o farão, agradeço, penhoradamente, pela generosidade de seus comentários a respeito do meu modesto alerta político. A despeito dos imerecidos elogios, que me lisonjeiam sobremaneira, acredito que, quanto mais formadores de opinião, dele tomarem conhecimento, melhor para a conscientização coletiva neste importante momento da vida brasileira. Melhor do que esta modesta contribuição deste teimoso escrevinhador, seria a promoção de debates políticos neste COMUNIQUE-SE e em cada um dos nossos sindicatos. O que acham??? Fica, aqui, a Sugestão de Pauta. Quanto aos signatários que me antecederam... (CONTINUA...)

Dyrce Lopes [24/08/2002 - 01:45]
(Freelancer)
Se bem "captei a mensagem", este MESTRE Dimas Lopes é mesmo bom de serviço (embora, não os conheça pessoalmente - o criador e suas criaturas). Num texto limpo e de bom tamanho, ele consegue a um só tempo: ironizar a ainda toda poderosa Vênus Platinada com seu indefectível plim-plim (a partir do título do Artigo); demonstrar que sabe - e bem - português, tão relegado a segundo plano e a segundas intenções, e não perdoa nem os intelectuais neoliberais que escorregam vergonhosamente, abusando da nossa inteligência e do nosso vernáculo; e ainda nos dá um providencial tapa na consciência, chamando-nos a atenção para a solene responsabilidade do voto. BRAVÍSSIMO! Só lamento que dessa energia toda do Dimas, eu só tenha o sobrenome...

Ivani Cunha [23/08/2002 - 09:52]
(Editor-Revista AVIMIG - MG)
Ivani Cunha Velho amigo que sou do Dimas Lopes, não me surpreendo com a qualidade do seu trabalho apresentado aqui no Comunique-se. Concordo com o argumento de que, embora seja penoso o exercício de ouvir os candidatos, só assim teremos condições de fazer escolhas conscientes, isto é, votar naqueles que consideremos menos ruins. Bons mesmo há pouquíssimos. Bom de verdade é o Dimas, que merece um bom cargo e reconhecimento no jornal do Mauro Santayana ou em qualquer outro, não um espaço efêmero em comitê de candidato, que nem sempre remunera bem e geralmente, em caso de vitória nas urnas, dá uma banana aos seus colaboradores de campanha. Sucesso para você, velho Dimas.




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domingo, 1 de janeiro de 2012

'Viagem' ao Ano Novo



Aos leitores deste meu Blog,


Eis que 2012 chega a esta estação da vida.

Se não pudermos ser o maquinista, sejamos os mais divertidos passageiros!

Procuremos um lugar próximo à janela, para desfrutarmos cada uma das paisagens que o tempo nos oferecer, com o prazer de quem faz a primeira viagem.

Não nos assustemos com os abismos, nem com as curvas que não nos deixam ver os caminhos que estão por vir.

Procuremos curtir a viagem desse novo tempo, observando cada arbusto, cada riacho, beirais de estrada e tons mutantes de paisagem.

Desdobrando o mapa de novas descobertas, há que se planejar roteiros. Prestemos atenção em cada ponto de parada, e fiquemos atentos ao apito da partida.

E quando decidirmos descer na estação onde a esperança nos acenou, não hesitemos. Desembarquemos nela os nossos sonhos...!!!

Desejo que a nossa viagem pelos dias deste novo ano seja de primeira classe!

São os meus votos para este novo ano, extensivos a toda a família!!!

Recebam meu abraço carinhoso, e... muito obrigado por vocês fazerem parte do meu mundo!!!

Boa viagem! $uce$$o$ -- em 2012... e sempre!!!

Desejo-lhes !