segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Alfarrábio Político


Ao retomar este Blog, justamente na véspera de assistirmos aos primeiros programas eleitorais gratuitos de rádio (foto/Ilust./Google) e televisão, com vistas às eleições municipais de 7 de outubro próximo, e por sugestão de uma colega, busquei, nos meus alfarrábios (que sobreviveram às sucessivas formatações de PCs e laptops), o

Artigo abaixo, publicado (com parte dos comentários que consegui recuperar) no Site de Comunicação COMUNIQUE-SE – 19/08/2002 – 1º Caderno.



Passados exatos 10 anos, e pela atualidade do tema, divido-o, ipsis litteris, com os amigos (e)leitores:


(N.B.:
Para se entender a sequência dos comentários (que
obedeceu ao formato da publicação original), ao fim
do Artigo, deve-se lê-los de baixo para cima.
Ou seja: do último – 23/08/02 – para o 1º – 13/09/02)



Ao 'plim-plim' de campan(h)a
Dimas Lopes (*)


Às vésperas das próximas eleições, é mister chamar a atenção do eleitorado, para uma série de coisas em torno desse processo cívico, infelizmente, ainda não totalmente absorvido por boa parte de nossa população. Mesmo porque, ficar à margem dessa efeméride é tão absurdo quanto querer negar a sua importância na vida de todos nós.
Por mais analfabetos políticos que sejamos, ou por mais que queiramos ficar alheios à maratona eleitoral, devemos reconhecer: as eleições mexem com todo mundo, direta ou indiretamente - se não enquanto meros espectadores durante a campanha, com remorso, depois, quando poderemos sentir o peso da (ir)responsabilidade pela omissão de não termos participado. Mas aí poderá ser tarde, muito tarde...
É claro que, se não é muito saudável, pelo menos, é pouco agradável a imposta convivência com um sem-número de cartinhas, panfletos, santinhos e outras ferramentas de marketing político, quase sempre de gosto duvidoso, abarrotando nossas vias públicas ou entulhando nossas caixas postais; os estridentes alto-falantes nos perturbando a todos; cartazes por todo lado, principalmente em cada poste de iluminação; e até o acinte aos compêndios de História e de Língua Pátria. A propósito dessa última perturbação, partindo de quem, intelectuais que são, deveriam nos dar o exemplo da correção também idiomática, escorregam até no vernáculo.
Há quatro anos, além de engolir uma vírgula no imperativo “Avança Brasil” estampado no out-door de campanha que mutilava o pavilhão nacional, inserindo tal exortação no lugar do “Ordem e Progresso”, o então candidato à reeleição presidencial ainda subestimou nossa mediana inteligência, ao afirmar que “o Brasil não quer(ia) voltar atrás”, mesmo sabendo-se que o protagonista (e principal interessado) da frase tentava - e conseguiu - repetir o mandato imediatamente anterior. Agora, o principal afilhado político do mesmo prócer indaga também em out-door: “Você lembra DO seguro (...), DA saúde (...)?”. Ora, que eu ME lembre disso, e, na impossibilidade de lembrar O (...), A (...), deveria ser “SE lembra do (...), SE lembra da (...)”.
Provocações à parte, não há como não admitirmos, por outro lado, que todo esse movimento gera recursos e empregos para uma desesperada parcela de brasileiros que quer, tão somente, o direito à dignidade de poder, pelo menos, tratar da família. Pois é em respeito a esses josés, antônios, marias, pedros e outros anônimos, que se espera uma campanha capaz de somar e debater idéias e ideais; e não o (des)nivelamento rasteiro - “u-ma ver-go-nha”, no entender de Boris Casoy, ou que “resvale à baixaria”, como abomina o mineiro Villas Boas Corrêa. Daí a imperiosa necessidade de ficarmos atentos e não nos sucumbirmos à sedução do comodismo de “deixar como está pra ver como é que fica”.
Assim é que, mesmo a contragosto de muitos, “está no ar...” o chamado “Horário Eleitoral Gratuito” em rádio e televisão. Haverá muita gente que, por certo, desligará seus aparelhos receptores; mas, inegavelmente, haverá outro tanto, ávida por conhecer melhor, principalmente pela televisão, os candidatos e suas propostas - alguns e algumas até grotescos, mas igualmente gozando do democrático direito de se apresentarem.
É a hora da verdade... Hora do Brasil mostrar - literalmente - a sua cara e a sua voz. Caberá a cada um de nós, ouvida a consciência (ou o travesseiro), escolher, pelo voto, entre os melhores - ou menos ruins, se preferem -, os que mais se identificam com nossas aspirações. É que, por mais que pareçam insólitos, esses nossos sonhos são plenamente realizáveis... e capazes de modificar o Brasil. Como na antiga canção, também agora “... só depende de nós!”
(*) Dimas Lopes é jornalista, radialista e escritor.

19/8/2002


Leia os comentários postados

Rosângela Gusmão [13/09/2002 - 02:30]
(Profissional Contratado)
O artigo de Dimas Lopes não traz muitas novidades para a discussão sobre a politica eleitoreira. Mas é pertinente, pq de maneira bem simples faz um alerta importante. Acrescento que o gde problema é o fato de alguns políticos se utilizarem das mazelas de um povo em prol de auto-promoção. Ao praticar o assistencialismo, muitos políticos enganam em busca de votos. É Isso dificulta o trabalho daqueles que são comprometidos com o resgate à cidadania, à dignidade e à auto-estima de um povo. É comum num país q ainda se morre por doenças q podem ser prevenidas por vacina, trocar votos por comida, trocados, obras.... Mas, é errado afirmar que o brasileiro não sabe votar ou tem memória fraca. O mesmo povo que colocou Collor no poder foi capaz de derrubá-lo, com a ajuda da imprensa (aí o nosso importante papel nesse processo). Somente com o debate, com a organização social, com a informação a gente pode vencer esse mal.

Maria Fernanda Garcia Macedo [11/09/2002 - 00:50]
(Freelancer)
Oi Dimas, muito bom te conhecer assim, depois de e-mails trocados na hora da insônia. Fique certo de que a segunda impressão é a que fica. Seu texto traduz meu sentimento pré-eleitoral, pena que, como você verifica, ainda não seja o de todos. Para aqueles que não podem compartilhar do seu texto, por motivos óbvios, sobra a cartilha do Jornal Nacional, o que já é grande coisa ( se nos lembramos e eleições passadas), embora não seja ainda toda a coisa sonhada.

Elaine Portela [07/09/2002 - 21:30]
(Freelancer)
Não podemos panfletear algumas destas considerações junto com alguns santinhos pelas esquinas?Sim porque são josés,antonios,marias e a grande população que precisa destes alertas. É apostando na política do "povo sem cultura" que estes políticos se enraizam nas câmaras e se manteem no poder ano após ano, sequer temos escolha pois são sempre os mesmos.Não existe opção, votamos e lamentamos trocar apenas "a noiva pois já conhecemos o sabor deste bolo". Parabéns Dimas e obrigado por nos oferecer a possibilidade de discutirmos este assunto.

Jussara Ferreira [06/09/2002 - 14:17]
(Empresário de comunicação)
Prezado Dimas, É oportuno e mais do que atual chamarmos a atenção para este tema. A consciência desperta é nosso maior triunfo. Está em nossas mãos decidirmos o nosso futuro (pelo menos o próximo) e não podemos perder a chance de participarmos com responsabilidade. Jussara Jornalista

Priscila Mackenzie [04/09/2002 - 01:44]
(Profissional Contratado)
Talvez o horário eleitoral, os debates políticos, entrevistas com os candidatos sejam o verdadeiro vestibular para esses cidadãos já que não existe a "faculdade dos políticos" .Cabe a nós eleitores analisar profundamente, observar todas as posturas, enfim ter responsabilidade ,pois não podemos nos dar ao luxo de reprovar mais uma vez nessa matéria.

Vanusa Oliveira da Costa [31/08/2002 - 01:52]
(Gerente-IBC do Brasil - SP)
Acho que falar que o nosso honroso jornalista escreve muito bem e tem uma consciência política muito boa já está ficando repetitivo, mas quero ressaltar isto novamente. Agora quanto a consciência do voto, tenho grandes esperanças que as coisas mudem, pois o brasileiro está ficando mais esperto... Vamos ver se minhas expectativas se cumprirão nas urnas. Agora é rezar para que o povo tenha se cansado de promessas vazias e que tenha vontade para mudar o Brasil. O voto é a arma que teremos contra todas as oliquarquias que nos perseguem desde a época de Cabral...

Dimas Lopes [29/08/2002 - 03:30]
(Freelancer)
Sobre as dúvidas da Danielle e da Karen, sobre o voto nulo, já solicitei ao Prof. Anis Leão (um dos maiores especialistas em legislação eleitoral e autor de alguns importantes trabalhos sobre o assunto) que nos esclareça a todos. E, quem, sabe, nos brinde com um artigo a respeito. Vamos aguardar!

Karen Gimenez [25/08/2002 - 19:44]
(Editor-Portal Universidade Solidária UniSol - SP )
Danielle, quem anula o voto dá valor a ele sim! Diz não quero nenhum desses, em vez de desperdiçá-lo com quem não merece. Não sei como está a legislação hoje, mas até há algum tempo, um determinado percentual de votos nulos tinha o poder de anular a eleição e obrigar os partidos a colocar outros candidatos num segundo pleito

Dyrce Lopes [25/08/2002 - 18:25]
(Freelancer)
A ironia do ciuminho do Caio, aí embaixo, teria uma pontinha de inveja - por que o cara é bom mesmo!? "Fala séééééério, garoto!!!" O fato de tantos comentários postados, com todo mundo (sensato) reconhecendo a propriedade do artigo, escrito por alguém de tanto talento (desperdiçado, pois, temporariamente, desempregado), o incomoda??? (Essa "arma" de incompetente é mais velha que andar pra frente, e não funciona mais, sabia?) Outra coisa - em nome do invejável Dimas (para quem tiramos o chapéu, sem "esse auê todo", como vc prefere), não posso falar, mas, gostaria de perder mais um tempinho só para lembrar ao Sr. CAIO PINTO, que, nem todo Lopes é do mesmo ramo - nem do saudoso Tim. E, se fosse, qual o problema, Sr. Caio? Por acaso (embora até tenha a ver), o seu sobrenome (...) indica algum parentesco com... Perereca??? Pois então! "Em boca fechada..."

Viviane Andrade Neves [25/08/2002 - 15:10]
(Freelancer)
Dimas Lopes, sobrinho do Tim?

Danielle Furlan [25/08/2002 - 13:30]
(Estudante)
Sem dúvida alguma este texto relata bem a nossa realidade e são textos como este que devem, ou pelos menos deveriam, ser lidos por nossos cidadãos. Pois ele nos faz atentar para a verdadeira e principal função jornalística em termos de campanha que é não só a apresentação de candidatos, mas o enfoque no eleitor, que cada vez mais cansado da vergonha política de nosso país, deixa-se encantar com discursos mirabolantes ou simplesmente não dá a devida importância ao seu voto, anulando-o. Ora, o que será do Brasil, se além das más administrações que temos, o próprio povo perder o interesse por si mesmo? Estamos vivendo não o período eleitoral, mas um jogo de publicidade! Parabéns Dimas Lopes! Este sobrenome é realmente de orgulho para o Jornalismo Brasileiro.

Karen Gimenez [25/08/2002 - 12:22]
(Editor-Portal Universidade Solidária UniSol - SP )
Analisar e refletir sobre o que nos é apresentado no período pré-eleitoral - e acompanhar a atuação daqueles escolhidos por nós - não só nos ajuda a optar pelo discurso que mais se aproxima de nossas expectativas, mas também nos dá munição para escolher aquele "candidato" que nunca se manifesta, mas está presente em todos os pleitos: o sr. "Nulo". Esse, possível de ser votado mesmo com o uso de urnas eletrônicas. Ao contrário do que muita gente pensa, que votar dessa forma é se omitir, é abrir mão de um direito democrático, a opção pelo candidato "Nulo" é um forma legítima de escolha. É dizer em alto e bom tom: não quero nenhum desses que me ofereceram. É mais digno, a meu ver, do escolher o "menos pior". E tem força política, podem ter certeza.

Sheyla Aparecida Fernandes [25/08/2002 - 11:49]
(Freelancer)
O seu texto está bem de acordo com a realidade, mas infelizmente muitas pessoas ainda não perceberam a importância do voto para que o Brasil cresça. Parabéns.

Viviane Andrade Neves [25/08/2002 - 09:25]
(Freelancer)
A nota a que me refiro foi inserida em 14/08/02, na seção "Carreira". Tá lá!

Viviane Andrade Neves [25/08/2002 - 09:21]
(Freelancer)
Dimas, dê uma chegada ao "Carreira" e clique na nota sobre o curso para formação de locutores "Texto e voz" do Fábio Martins. O homem era uma fera ferida de luxúria. Coisa de louco... Indescritível. Veja lá!

Dimas Lopes [24/08/2002 - 21:33]
(Freelancer)
(... CONT.) ... só tenho o prazer de conviver, pessoalmente (por enquanto), com os irmãos-camaradas Symphronio Veiga e Ivani Cunha, que dispensam apresentações; com as outras coleguinhas, o contato tem sido apenas virtual, principalmente acompanhando suas observações em outros links. E, finalmente, à(o) irônica(o) Vasconcelos, "apraz-me comunicar-lhe (...)" (rs) que, não sendo "o tão todo poderoso", no momento, estou desempregado, portanto, não trabalho para qualquer candidato, embora tenha o maior orgulho de ter integrado a equipe da Setembro Marketing Político, do talentoso Almir Sales, por sinal, das maiores reservas de lealdade e competência brasileiras. Se não estivesse disponível (meu telefone é (31)9992-9811), talvez não pudesse aceitar “suas prezadas ordens”, me convidando para trabalhar na sua “Publischer-Net – MG”, por cujo contrato antecipadamente agradeço.

Dimas Lopes [24/08/2002 - 21:27]
(Freelancer)
Aos coleguinhas que, até agora, se manifestaram, e aos outros que, porventura, o farão, agradeço, penhoradamente, pela generosidade de seus comentários a respeito do meu modesto alerta político. A despeito dos imerecidos elogios, que me lisonjeiam sobremaneira, acredito que, quanto mais formadores de opinião, dele tomarem conhecimento, melhor para a conscientização coletiva neste importante momento da vida brasileira. Melhor do que esta modesta contribuição deste teimoso escrevinhador, seria a promoção de debates políticos neste COMUNIQUE-SE e em cada um dos nossos sindicatos. O que acham??? Fica, aqui, a Sugestão de Pauta. Quanto aos signatários que me antecederam... (CONTINUA...)

Dyrce Lopes [24/08/2002 - 01:45]
(Freelancer)
Se bem "captei a mensagem", este MESTRE Dimas Lopes é mesmo bom de serviço (embora, não os conheça pessoalmente - o criador e suas criaturas). Num texto limpo e de bom tamanho, ele consegue a um só tempo: ironizar a ainda toda poderosa Vênus Platinada com seu indefectível plim-plim (a partir do título do Artigo); demonstrar que sabe - e bem - português, tão relegado a segundo plano e a segundas intenções, e não perdoa nem os intelectuais neoliberais que escorregam vergonhosamente, abusando da nossa inteligência e do nosso vernáculo; e ainda nos dá um providencial tapa na consciência, chamando-nos a atenção para a solene responsabilidade do voto. BRAVÍSSIMO! Só lamento que dessa energia toda do Dimas, eu só tenha o sobrenome...

Ivani Cunha [23/08/2002 - 09:52]
(Editor-Revista AVIMIG - MG)
Ivani Cunha Velho amigo que sou do Dimas Lopes, não me surpreendo com a qualidade do seu trabalho apresentado aqui no Comunique-se. Concordo com o argumento de que, embora seja penoso o exercício de ouvir os candidatos, só assim teremos condições de fazer escolhas conscientes, isto é, votar naqueles que consideremos menos ruins. Bons mesmo há pouquíssimos. Bom de verdade é o Dimas, que merece um bom cargo e reconhecimento no jornal do Mauro Santayana ou em qualquer outro, não um espaço efêmero em comitê de candidato, que nem sempre remunera bem e geralmente, em caso de vitória nas urnas, dá uma banana aos seus colaboradores de campanha. Sucesso para você, velho Dimas.




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