quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Volta de grandes aviões para a Pampulha é ‘retrocesso’


Da Ascom/ALMG

O Aeroporto da Pampulha é inadequado para vôos de grande porte, e a volta dos jatos comerciais seria um retrocesso inadmissível. Esta é a conclusão a que chegaram autoridades e lideranças que participaram, ontem, dia 8, de uma audiência pública da Comissão dos Aeroportos (foto Guilherme Bergamini/ACS-ALMG) da Assembléia Legislativa de Minas. O superintendente do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, mais conhecido como Aeroporto da Pampulha, Cláudio Figueiredo Salviano, admitiu que a acessibilidade não é a ideal, mas garantiu que o aeroporto é seguro.

O presidente da Comissão, deputado Fábio Avelar (PSC), lembrou as conclusões de uma comissão homônima da qual participou, em 2003 e 2004, que culminaram com a transferência dos vôos para Confins, e deram origem às decisões políticas que resultaram na construção da Linha Verde e na revitalização do Aeroporto Tancredo Neves. Lembrou ainda que a insegurança da pista da Pampulha, segundo depoimento de pilotos veteranos, levava a um número fora do comum de 'arremetidas', ou seja, de aterrissagens abortadas que exigiam novas manobras de aproximação.

Cláudio Salviano afirmou que o nível de segurança da pista é satisfatório, inclusive por contar com o sistema ILS, e que há possibilidade de alongar a cabeceira da pista por mais 300 metros. "Nossa pista é segura para aeronaves que levam até 160 passageiros. No entanto, o pátio não comporta grande movimento de aeronaves, e o terminal também está subdimensionado para receber de volta os vôos das grandes companhias", informou, acrescentando que “hoje, operando apenas com aviação regional, geral e executiva, o movimento cresceu 34% em relação a 2004”.

Salviano disse ainda que operar na Pampulha seria um verdadeiro "filé" para as grandes companhias, que poderiam cobrar tarifa cheia e pagar taxas menores. Ele acredita que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deverá autorizar alguns vôos com algumas restrições, beneficiando empresas que adquirissem as novas aeronaves da Embraer com capacidade para até 100 passageiros, mais apropriadas para pistas curtas, como a da Pampulha. As operações com o sistema ILS seriam substituídas pelas de GPS, que têm maior precisão e evitariam o alto número de arremetidas.

Os representantes dos aeroviários também não admitem uma volta ao congestionamento de quatro anos atrás do Aeroporto da Pampulha. Walter de Assis Aguiar, do Sindicato Nacional dos Aeroviários, que reúne todo o pessoal de solo, exceto os funcionários da Infraero, recordou os tempos difíceis que precederam a transferência dos vôos da grandes companhias para Confins. Segundo ele, mesmo hoje, quando chegam, simultaneamente, três vôos regionais de 40 passageiros cada, já ocorre congestionamento no pátio e no terminal. "Num dia assim, se chegar também um avião com 150 passageiros, por exemplo, o terminal se torna inviável, saturado como uma lata de sardinha", comparou.

Ricardo Alvarenga, representante da Associação Pró-Civitas, que reúne os moradores dos bairros do entorno do Aeroporto da Pampulha, disse que a comunidade aprova o uso atual da Pampulha, para aviação geral, regional e executiva, conforme a portaria do DAC, em vigor. Ele observou como o aeroporto de Confins foi paulatinamente esvaziado, a partir da década de 80, por iniciativa do saudoso Comandante Rolim, dono da TAM, de operar nas áreas centrais das cidades, primeiro com os turboélices Fokker 27 e 50, e, depois, com os jatos Fokker 100. Na esteira destes, vieram os Airbus, da própria TAM, e os Boeings, das outras companhias.

"Não queremos ver esse filme de novo. Os moradores, aqui, sabem o que é ter 10 jatos passando a cada hora sobre suas cabeças, e nunca se esquecem dos barulhentos jatos da Vasp. O nível de decibéis, inclusive, supera os limites estabelecidos pela Lei Ambiental de Belo Horizonte", argumentou Alvarenga.

Ricardo Alvarenga revelou que a solicitação apresentada à Anac pela Gol e pela TAM, na verdade, seria uma antecipação das pretensões da companhia aérea Azul, que está sendo formada no Brasil com a filosofia da Bluejet americana, de "low-cost, low-fare" (baixo custo, baixas tarifas). Em seguida, viriam as reivindicações também da Ocean Air e da WebJet.

O deputado Fábio Avelar questionou os convidados sobre a proposta de construção de um prédio de estacionamento de sete pavimentos no local onde hoje está a praça em frente ao Aeroporto da Pampulha. Cláudio Salviano reconheceu que o problema de estacionamento é grave na região, mas revelou que o pacote de investimentos que o aeroporto exigirá para adequar-se à demanda pela Copa do Mundo de 2014 prevê, além de uma pista de taxiamento paralela à do aeroporto, a ocupação da área militar da Aeronáutica, que será transferida para Lagoa Santa. As casas de militares do outro lado da praça seriam demolidas para a construção de grandes estacionamentos.
Participaram da reunião de ontem, os deputados Fábio Avelar (PSC), presidente; Célio Moreira (PSDB) e Vanderlei Jangrossi (PP).

Nenhum comentário: