sábado, 4 de outubro de 2008

Educação de MG forma 76 professores indígenas

Da AGÊNCIA MINAS

Para a ocasião especial, cocar de penas, caras pintadas, pulseiras, colares, saias de palha... Assim foi o traje de formatura da turma de professores indígenas do Programa de Implantação de Escolas Indígenas em Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Educação de Minas (SEE), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Estadual de Florestas (IEF). O evento foi esta semana, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e contou com a presença de representantes das etnias Xacriabá, Maxakali, Pataxó, Xukuru-Kariri e Krenak.

Ao todo, 76 índios receberam o diploma de docentes pelo Curso Normal Indígena em Nível Médio. O curso tem uma grade curricular diferenciada, adaptada à realidade de cada etnia e aprovada pelo Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais. Além do conteúdo do currículo comum de um Curso Normal, destinado a formar professores, como didática e disciplinas de ensinos médio e fundamental, a grade diferenciada traz, por exemplo, conteúdos sobre alternativas econômicas, uso do território, conservação ambiental, direitos indígenas, cultura e língua indígena. O curso tem duração de quatro anos e é dividido em oito módulos presenciais de 30 dias, com dois módulos por ano. Em cada módulo, as aulas são ministradas em cidades da RMBH e reúnem alunos de todas as etnias. No período entre cada módulo, são feitos os intermódulos – equipes da SEE e da UFMG vão até as aldeias, onde desenvolvem as atividades práticas do curso.

Mas o aprendizado vai além do que está no currículo. A coordenadora pedagógica do curso, Augusta Mendonça, explica que a troca de conhecimentos entre os índios e as equipes e também entre índios de etnias diferentes é muito importante para a formação desses professores: “Os índios não apenas buscam conhecimento, mas trazem seus próprios conhecimentos e há uma troca. Essa mistura entre eles é muito importante”.

Hoje, existem, ao todo, 59 unidades escolares que atendem a 3.303 alunos de origem indígena. Além das etnias que formaram seus próprios professores esta semana, há ainda escolas nas tribos dos Caxixós e Pankararus.

Com esta nova turma, o programa já formou 213 professores indígenas. Destes, 128 estão cursando o ensino superior. A superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino da SEE, Guiomar Lara, explica que, além de implantar escolas indígenas pluriculturais, o objetivo é garantir a especificidade, o bilingüismo e a interculturalidade nas áreas indígenas de Minas Gerais. “Um exemplo é o caso dos Maxakalis: em sua cultura, apenas aos homens adultos é permitido o aprendizado da língua portuguesa. Assim, as aulas nas escolas desta etnia são totalmente ministradas no idioma maxakali”.

Para lidar e respeitar as especificidades de cada cultura, o programa oferece acompanhamento de antropólogos e linguistas da UFMG e, para cada escola, há uma proposta curricular específica. Com isso, ao fim do curso, os formando estão qualificados para lecionarem em suas aldeias.

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