domingo, 14 de setembro de 2008

Risco de câncer por celular é desmitificado na ALMG

Da Ascom/ALMG

Representantes da Anatel, Secretaria de Estado da Saúde de Minas e especialistas acabam de apresentar estudos que negam a relação entre o uso de telefones celulares e o câncer. Eles falaram, esta semana, aos deputados das comissões de Saúde e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A reunião conjunta recebeu ainda representantes do Procon e das operadoras de telefonia móvel do Estado. A audiência aconteceu a pedido do deputado Carlos Pimenta (PDT).

Segundo o consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Renato Sabbatini, “não há evidências científicas mostrando que o uso excessivo de celulares cause qualquer tipo de câncer”. A afirmação, de acordo com ele, é feita com base em um estudo realizado a respeito de mais de 600 trabalhos científicos em todo o mundo, que apontam que os níveis de emissão de radiação dos telefones móveis são muito inferiores aos limites máximos tolerados pela OMS. O professor explicou que a única alteração provocada pelo uso de longa duração do celular é o aumento de até 1oC na temperatura corporal, o que não representa risco, tendo em vista as defesas naturais do organismo. "Se nosso corpo não tivesse como controlar o aumento de temperatura do nosso organismo, o sol simplesmente nos fulminaria", observou.

Questionado pelo deputado e médico Carlos Mosconi (PSDB) sobre o fato de existirem diversos estudos que mostram riscos pelo uso do celular, o professor afirmou que o a incidência é muito pequena e, normalmente, esses estudos são conduzidos por não-especialistas. "O câncer causado pelo celular não é uma polêmica na comunidade científica, pois os estudos mostram não haver risco. Apenas em crianças, ainda não temos dados suficientes para dizer se pode haver danos no longo prazo", ponderou. Ao final de sua exposição, Sabbatini mostrou os resultados de uma pesquisa considerada modelo, feita na Dinamarca, que comprovou a inexistência de relação entre o uso do telefone móvel e os casos de câncer na população.

Mosconi entende que é preciso que haja mais campanhas informativas com a população, especialmente direcionada às crianças, sobre as quais ainda não há estudos suficientes quanto ao risco. Já o deputado e também médico Hely Tarqüínio (PV) se disse mais tranqüilo quanto aos resultados dos estudos científicos. Ainda assim, sugere que é preciso que as pesquisas avancem.

O especialista em Regulação da Anatel Agostinho Linhares fez coro às palavras do professor da Unicamp, e afirmou que a agência regula as operadoras e fabricantes de telefones celulares, seguindo os parâmetros e limites de radiação estabelecidos pela OMS. Segundo ele, não há risco para a população com o uso do celular. Em sua apresentação, questionou os estudos nacionais e internacionais que alarmaram a população, ao afirmar que suas fontes são formadas por não especialistas e que os resultados são contraditórios. "Todos os aparelhos passam por testes que aprovam apenas aqueles que emitem um nível de radiação permitido. Definitivamente, os estudos realizados, até hoje, rechaçam qualquer risco à saúde dos usuários da telefonia móvel", salientou.

A coordenadora da Epidemiologia da Avaliação de Vigilância do Câncer da Secretaria de Estado da Saúde de Minas, Berenice Navarro, disse que, apesar de não haver estudos suficientes que comprovem os riscos de câncer causado por celulares, são prudentes algumas ações por parte dos especialistas, das operadoras e das autoridades como medida de precaução. Em sua exposição, ela levantou a possibilidade de serem desenvolvidas novas tecnologias que minimizem o contato do usuário com o aparelho; a promoção de campanhas que informem os usuários sobre os riscos, como o fato de existirem aparelhos e modelos com maior ou menor emissão de radiação; um monitoramento mais rigoroso das causas de câncer na população; a redução do apelo comercial para o consumo dos celulares, especialmente entre as crianças; mais investimentos em estudos e pesquisas científicas sobre o tema; além do aprimoramento da legislação que trata da poluição eletromagnética, tanto nos grandes centros quanto nas áreas rurais. Ela demostrou ainda, por meio de dados da Secretaria, que “o câncer é a segunda causa de mortalidade em Minas Gerais”, mas que “os números não mostram a relação entre o uso do celular e a doença”.

Ao final da reunião, o engenheiro de segurança Carlos Queirós demonstrou, por meio de um medidor isotrópico, que marca o índice de radiação de aparelhos eletromagnéticos, a baixa incidência radioativa do telefone celular. Ele aproximou uma peça de césio, que registrou valor máximo de radiação, enquanto um celular chega a um nível que não oferece risco para os usuários.

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