segunda-feira, 15 de setembro de 2008

ALMG homenageia Guimarães Rosa nesta segunda-feira

Da Ascom/ALMG

“Guimarães Rosa: o poder da palavra” é o tema do Debate Público que a Assembléia Legislativa de Minas Gerais promove nesta segunda-feira, dia 15, às 14h, no Plenário, abrindo os trabalhos da semana na ALMG. Iniciativa da Comissão de Cultura, o evento conta com o apoio das Secretarias de Estado de Educação e de Cultura de Minas, e terá a presença dos titulares dessas pastas, Vanessa Guimarães Pinto e Paulo Eduardo Rocha Brant, respectivamente. Além do Debate Público, que terá apresentação musical e contação de estórias, a ALMG promove a exposição “Trajetos de Rosa”, com fotos, cronologia e fragmentos literários do autor. A mostra fica em um dos corredores do andar SE, no Palácio da Inconfidência (rua Rodrigues Caldas, 30 – Santo Agostoinho), em Belo Horizonte, onde acontecem as reuniões das comissões e por onde, diariamente, transitam centenas de pessoas.

Segundo a presidente da Comissão de Cultura da ALMG, deputada Gláucia Brandão (PPS), o objetivo do evento é incentivar e desmitificar a leitura das obras de Guimarães Rosa. "Queremos acabar com o mito de que a linguagem do escritor é complicada. A idéia é trazer professores da rede pública e estudantes para ouvir sobre a vida e a obra desse grande mineiro", afirma a parlamentar. Ela revela que uma das intenções é transformar as palestras em material didático, a ser utilizado em sala de aula, estimulando a leitura das obras de Rosa. Encerradas na última quinta-feira, dia 11, as inscrições somaram 200 participantes, entre estudantes e representantes de instituições de ensino e culturais.

A abertura dos trabalhos será feita pelo presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), a deputada e os secretários. Em seguida, o músico Rodrigo Delage fará uma apresentação com composições baseadas nas obras de Guimarães Rosa. Às 15h, a professora Heloísa Starling, da UFMG, falará sobre o escritor e a música popular brasileira. Às 16h, os participantes assistirão ao curta-metragem “Famigerado”, do diretor Aluízio Salles Jr., seguido de considerações do autor. Às 16h30min, a professora Márcia Marques de Morais, da PUC Minas, abordará o tema “Poder e saber andam juntos? - a busca de uma resposta no texto de Guimarães Rosa”. E, encerrando o Debate Público, às 17h30min, caberá ao Grupo Miguilin a contação de estórias. Fundado em 1995, em Cordisburgo, terra natal de Guimarães Rosa, o Miguilin é formado por jovens que narram os contos do escritor.

A exposição traz o busto do escritor em bronze, esculpido pelo artista Edgar Duvivier; fotos de Eugênio Silva, da extinta revista “O Cruzeiro”, que registram a viagem de 10 dias que Guimarães Rosa fez pelo sertão mineiro, em 1952; a cronologia do escritor; fragmentos literários; e pequenas redomas com textos, cópias de documentos e objetos que procuram recriar aspectos da vida e da obra do escritor.
O professor do Cefet/MG Roniere Menezes, doutor em Literatura Comparada pela UFMG e curador da mostra, destaca que a exposição enfatiza temas relativos à profissão de médico, à carreira de diplomata e ao apreço do autor pela cultura popular.

A viagem pelo sertão de Minas com uma comitiva de vaqueiros, coordenada por Manuelzão, teve o objetivo de acompanhar, em um percurso de 240 quilômetros, a condução de uma boiada de 180 reses, que iria de Três Marias a Araçaí, distrito de Paraopeba, entre Cordisburgo e Sete Lagoas. "As fotos parecem anunciar a construção de obras raras da inteligência e da sensibilidade do diplomata do sertão. ‘Grande Sertão: veredas’ e ‘Corpo de baile’, livros publicados em 1956, revelam forte influência da inesquecível travessia", destaca Roniere Menezes.

Ao analisar a obra de Guimarães Rosa, o curador da mostra destaca que, nela, "além das disputas políticas oficiais, nota-se uma cuidadosa atenção à política do cotidiano, revelada, por exemplo, por meio do cuidado ético com o outro, da ênfase no viver em comum e do respeito em relação à natureza. A partir dos encontros, dos afetos, dos causos e das cantorias, a partir do trabalho e da luta diária, o homem simples e iletrado do sertão ganha corpo e expressão na escritura". Para Roniere Menezes, "o desejo humano de renovação, de superação, a crença no dever pulsam nas personagens, aliando-se ao intuito de justiça e de liberdade que sempre acompanharam Rosa, seja no trabalho como médico, seja como diplomata ou escritor".

Nenhum comentário: