segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Cida Reis e Emmerson Malungo no ‘Música Independente’



O encontro inédito entre dois artistas da cena musical de Belo Horizonte vai marcar a segunda apresentação de setembro do Projeto Música Independente, em Belo Horizonte. Cida Reis e Emmerson Malungo (foto/Pedro Portella) apresentam, nesta segunda-feira, dia 8, o espetáculo “Tacoperô cata”, criado para estrear no “Música Independente”. O show, que vai reunir no palco do Teatro João Ceschiatti dois músicos que fazem da voz o seu principal recurso de expressão, será às 19h, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537), na Capital mineira. Os ingressos custam R$ 5,00 (inteira) e R$ 2,50 (meia, conforme a lei).

Em “Tacoperô cata”, Emmerson e Cida se encontram e descobrem de forma vanguardista os sons e oralidades tradicionais ancorados na cultura de matriz africana e afro-brasileira, através de releituras de antigos cantos entoados pelos negros trazidos para as terras de Minas, de ingomas celebradas nas cantigas rituais do Reinado e batidas de tambores, passando pelo lamento-denúncia do soul. Os artistas chegam aos sons da música contemporânea afro-mineira, revisitando ritmos, como a makossa, o moçambique, com seus instrumentos percussivos associados a instrumentos eletro-acústicos e aos modernos recursos eletrônicos e às novas tecnologias.

Composições próprias que sintetizam todas essas referências e influências serão apresentadas, com destaque para os trabalhos vocais dos dois artistas e dos instrumentistas convidados. O repertório segue essa trajetória do canto negro que viaja dos vissungos à Clementina de Jesus, de Milton Nascimento ao sampler e segue dando rumo e emocionando a todos. Recursos cênicos, como a dança - criada pelo bailarino Ânderson Aleixo – e recursos audiovisuais com projeção de imagens de fundo no palco fazem parte de “Tacoperô cata”. O show terá ainda a participação dos músicos convidados Marconi (percussão), Lipe Cordeiro (percussão), Rafael Aguiar (guitarra), Guto Padovani (bateria) e Paulo Costa (direção musical e baixo elétrico).

Cida Reis iniciou estudo musical no coro da igreja, compondo o naipe de messo-soprano. Após essa experiência, iniciou o estudo de canto e aperfeiçoamento vocal, incluindo aulas de ritmo e percussão. A partir de 1996, Cida Reis acompanhou, como backing vocal, várias artistas nas noites de BH e participou como vocal nos CD´s de Helena Penna, Doris e Ronaldo Pio. Durante dois anos Cida integrou o grupo de percussão “Tambor Mineiro”, com Mauricio Tizumba, aprendendo todos os ritmos dos Congados de Minas. Em 2003, foi convidada a se apresentar no Festival de Arte Negra, no Projeto Donas da Voz, que deu origem, no ano seguinte, ao espetáculo musical “As Ayabas”, juntamente com Júlia Ribas, Loslena, Helena Penna, Eda Costa e Rita Silva. No segundo semestre de 2006, em companhia de outros músicos, Cida Reis formou o Grupo de Samba Tribo Jabutikba, que se apresenta em diversos festivais e espaços culturais. Além do trabalho musical, a artista também atua no campo do audiovisual, produzindo e dirigindo filmes documentários que abordam a temática étnico-racial: “Salve Maria – Memória da religiosidade afro-brasileira em BH: Reinados Negros e Irmandades do Rosário, Um Olhar Sobre os Quilombos no Brasil e Capoeira da Memória – Um tributo aos Mestres”.

Emmerson Malungo cresceu ouvindo as melodias do Candomblé e do Congado. Quando criança, construía seus próprios instrumentos feitos de ripas de madeira, elástico e latas. Nascia ali seu gosto pelo violão e pela percussão. Começou a cantar no coro da igreja próxima à sua casa, onde teve o primeiro contato com escalas e disciplina musicais, e estudou técnicas para executar alguns instrumentos. Emmerson estudou leitura e canto no Conservatório de Música da UFMG, e violão com Jose Vaz Lucena, por vários anos, integrando ainda o Grupo de Estudos da Música Barroca Camerrata Lucittana, que excursionou por várias cidades do Brasil. Multi-instrumentista, compositor, exímio cantor de voz flexível de longo alcance, Emmerson Malungo já tocou, gravou e excursionou com Mauricio Tizumba, no espetáculo “Brasil em Capella” - Turnê Internacional Brasil-França. Apresentou-se ainda com Celso Moretti, Banda Saci, Pereira da Viola, Banda Nepal entre outros. Há mais de quatro anos, Malungo desenvolve uma pesquisa intitulada “Vissungo”, a força do canto negro, na qual resgata os cânticos que eram entoados pelos africanos escravizados em terras brasileiras. Inspirado nas músicas de seus ancestrais afro-mineiros e na nova música africana, com sua fusão jazzística, o artista desenvolve um trabalho cheio de pulsação e poesia.

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