segunda-feira, 21 de julho de 2008

Morte de Célio de Castro enluta o mundo oficial e o Brasil



Com a Ascom/PBH

A Prefeitura de Belo Horizonte decretou luto oficial de três dias pelo falecimento, ontem, de manhã, na Capital mineira, do seu ex-prefeito e ex-deputado federal, Célio de Castro (foto/Divulgação).

Também a Presidência da República informou, ontem, à noite, que, sensibilizado com o passamento do ex-prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu comparecer ao velório do amigo, para as homenagens póstumas. Segundo o Cerimonial do Palácio do Planalto, “o Chefe da Nação desembarca às 10h30min, na Base Aérea da Pampulha, seguindo, imediatamente, para o Salão Nobre da Prefeitura de Belo Horizonte (Av. Afonso Pena 1.212), onde o corpo de Célio de Castro está sendo velado”.

Com isto, o cortejo fúnebre só deverá sair por volta das 11h30min do Espaço Municipal, e o horário do enterro, anteriormente previsto para as 11h desta segunda-feira, dia 21, teve que ser adiado em pelo menos uma hora, passando, portanto, para às 12h, no Cemitério Parque da Colina, no bairro Nova Cintra, em Belo Horizonte.

Detentor de um extenso currículo político, com ampla repercussão na área social, Célio de Castro era, desde 1992, vice do hoje ministro Patrus Ananias, quando foi eleito prefeito de Belo Horizonte, em 1997, protagonizando a maior vitória eleitoral do País, de virada, contra os favoritos, Amílcar Martins (PSDB) e Virgílio Guimarães (do mesmo PT de Ananias), com 76,5% do total de votos válidos.

Com Fernando Pimentel como seu vice, em 2000, foi reeleito para o mandato entre 2001 e 2004, deixando na cidade a marca da sua gestão, com a implantação e consolidação de programas pioneiros e definitivos na história da cidade, como o Orçamento Participativo, a universalização do atendimento na área social, na saúde e na educação, além de avanços na infra-estrutura da Capital mineira.

O prefeito Fernando Pimentel, que compartilhou essa experiência como secretário da Fazenda e também vice-prefeito que completou o segundo mandato de Célio de Castro, lamentou profundamente a perda do homem público e amigo. Cumprindo agenda administrativa em Nova Iorque, nos Estados Unidos, Pimentel considerou, em Nota divulgada ontem mesmo, tão logo recebeu a notícia do passamento do seu antecessor, que o “Brasil perde um homem que dedicou toda a sua vida às causas públicas e à defesa dos direitos das pessoas, especialmente das mais humildes”. De acordo com o atual prefeito, de BH, Célio de Castro é um exemplo de dignidade, delicadeza, inteligência e carinho pelas pessoas. “Dr. Célio de Castro nos ensinou que política se faz de forma fraterna, sempre em busca da justiça social. Lamento, profundamente, a perda deste amigo e companheiro de caminhada, a quem serei eternamente grato”, afirmou, rendendo as suas homenagens aos familiares e aos amigos do ex-deputado e ex-prefeito.

Também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Aécio Neves manifestaram a sua tristeza pelo falecimento de Célio de Castro. “O companheiro Célio tinha duas virtudes políticas que se destacavam: a transparência e o compromisso social. Célio dizia que todo governante precisava assumir compromissos claros com a população, abrir espaço para a participação popular e trabalhar sem trégua em favor da inclusão social dos segmentos menos favorecidos da sociedade”, afirmou o Presidente da República. Segundo Lula, Célio de Castro deixou como legado “a cultura do entendimento, da aliança de pessoas em torno de uma causa maior”.

Apontando o profundo humanismo que marcou a trajetória do ex-prefeito, como médico e como homem público, o governador Aécio Neves considerou que “a morte de Célio deixa de luto não apenas Belo Horizonte e Minas, mas todo o País”. Ele salientou,
ainda, os inegáveis avanços sociais e de infra-estrutura que marcaram a Capital dos mineiros durante a sua gestão. “Seu colega na Constituinte, tornei-me reverente admirador da forma como defendia seus princípios. Cortês e elegante no trato com seus pares e equilibrado nos debates que travava, doutor Célio defendia com intransigente rigor ético as teses que apoiava”, definiu.

Natural de Carmópolis de Minas, no Centro-Oeste do Estado, o médico Célio de Castro foi deputado federal por dois mandatos, entre 1986, quando foi eleito constituinte, e 1990, e entre 1990/1994, líder da bancada do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na Câmara Federal e presidente do PSB em Minas Gerais. Seu trabalho foi reconhecido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), como um dos “Deputados Nota Dez”, distinção concedida a apenas quatro parlamentares, entre os 53 representantes de Minas Gerais.

Sempre mantendo o seu trabalho como médico, participou intensamente das lutas políticas pelo fim da ditadura militar, em favor da anistia e pelas eleições diretas. Em 1992, foi eleito vice-prefeito de Belo Horizonte, respondendo, no primeiro ano, também pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, tendo coordenado, até o ano 2000, a Frente Nacional de Prefeitos. Sem partido por um bom tempo, em 2001, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, em novembro do mesmo ano, ao sofrer um derrame cerebral, entrou em licença médica para tratamento da saúde já irremediavelmente debilitada, o que o levou à renúncia e ao afastamento definitivo da cena pública.

Dr. Célio de Castro formou-se pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1958, e participou da implantação dos primeiros Centros de Tratamento Intensivo de Minas Gerais. Foi médico-chefe do Pronto Socorro do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, onde trabalhou por 37 anos. Pelos relevantes serviços prestados na sua área, escolhida por vocação, Célio de Castro ficou conhecido por “Doutor Beagá”, carinhoso apelido que, por sinal, virou gingle de sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte. Publicou inúmeros trabalhos e foi co-autor do livro “Emergências Médicas”, traduzido em vários idiomas e incluído no currículo de todas as Faculdades de Medicina do País.

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