quarta-feira, 23 de julho de 2008

‘Lei Seca’ reduz acidentes de trânsito em toda a RMBH



Da AGÊNCIA MINAS

Durante entrevista coletiva (foto José Carlos Paiva/Secom MG), a PMMG, o Corpo de Bombeiros Militar, a Polícia Civil de Minas e dirigentes do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, de Belo Horizonte, divulgaram, ontem, dia 22, dados estatísticos que indicam uma tendência de queda nas ocorrências de acidentes no trânsito da Capital mineira, desde que entrou em vigor a chamada ”Lei Seca”, no dia 20 de junho passado. Somente em relação aos acidentes com vítimas fatais em Belo Horizonte, a PM registrou queda de 27%, comparando o período de 20 de junho a 20 de julho, entre 2008 e o ano passado.

O assessor de Imprensa da corporação, capitão Gedir Rocha, acredita que o mais importante é que “já se verifica uma mudança de comportamento dos motoristas”. De acordo com as estatísticas da PMMG, ainda “na Capital mineira, houve queda de 29,83% no número de acidentes com vítimas em 2008, em relação a 2007, entre 20 de junho e 20 de julho. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o índice de redução de acidentes de trânsito urbano com vítimas chegou a 31,75%, no mesmo período”.

“Queremos é comemorar que nenhuma família fique triste e chorando a morte de um ente querido. A ‘Lei Seca’ só vai ficar se for clara e objetiva e se for feita uma fiscalização rigorosa”, defendeu o capitão PM. Rocha explicou que “todos os militares do sistema operacional da corporação estão instruídos a fiscalizar o uso de álcool pelos motoristas, seja em blitz de trânsito ou nas demais operações da PMMG, que somam mais de 200 cotidianamente, apenas na RMBH”.

Para o comandante operacional do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Cláudio Teixeira, “a ‘Lei Seca’ veio tarde; devia ter vindo antes e ser ainda mais austera”. Sua justificativa é inquestionável. “Ao socorrer os acidentados, me deparo com uma cena de guerra: pessoas com lacerações e mutilações”, lamentou. De acordo com o comandante, “são 50 mil vítimas fatais de acidentes de trânsito no Brasil, por ano, o mesmo número de mortos durante todo o período de cinco anos da Guerra do Vietnã. O número de feridos em acidentes de trânsito no País chega a 350 mil por ano”.

As estatísticas do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) revelam queda de 7% no número de acidentes envolvendo automóveis entre 15 de junho e 15 de julho de 2008, em relação ao mesmo período do ano passado, na RMBH. No ano passado, foram 720 acidentes com automóveis, enquanto este ano foi de 668 o número de acidentes no período.

Os acidentes com motocicletas, no entanto, aumentaram. Entre 15 de junho e 15 de julho de 2007, o CBM registrou 1.341 acidentes com motocicletas na RMBH. No mesmo período de 2008, o número absoluto de ocorrências desse tipo chegou a 1.534. O crescimento da frota de motocicletas na região, de 27%, entre 2007 e 2008, e a greve dos Correios, estimulando o serviço de motoboys, podem ter aumentado os acidentes com motocicletas. Preocupado, o coronel Teixeira lembrou a triste estatística: “Já estamos registrando uma morte por dia em acidentes envolvendo motocicletas na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, lamentou o bombeiro militar.

Respeitada a natureza distinta do trabalho de cada instituição, os representantes desses órgãos públicos são unânimes em afirmar que a combinação álcool e trânsito é responsável por grandes acidentes, além da imprudência. Quando não há mortes, conforme alertou o chefe do Setor de Toxicologia do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), Délio Campolina, “as vítimas ficam muitos dias internadas, passando por vários procedimentos para se reabilitarem fisicamente, quando isto é possível”.

De acordo com o médico, no HPS houve uma redução de 4% no número de atendimentos aos acidentados de trânsito de 20 de junho a 20 de julho de 2008 em relação ao mesmo período de 2007. A unidade hospitalar, que pertence à rede da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), fez1.107 atendimentos em 2007 e 1.082 em 2008.

Desde o dia em que a “Lei Seca” entrou em vigor, segundo Délio Campolina, foi registrada uma redução entre 10% e 15% no atendimento aos acidentados de trânsito no HPS. “O prazo é curto para nos assegurarmos de algum resultado. Não podemos desconsiderar também o impacto que podem ter sobre estes dados outros fatores desta época do ano, como as férias e o clima mais frio”, ponderou

O vice-diretor do Instituto Médico-Legal (IML), Rui Lopes Filho, também acredita na mudança de comportamento dos motoristas com a “Lei Seca”. De acordo com ele, que também é chefe da Divisão de Perícias Médico-Legais, “houve um crescimento de 5% no número de perícias em condutores de veículos para verificação de ingestão alcoólica”. De 20 de junho a 21 de julho de 2007, o IML, que faz parte da estrutura da Polícia Civil de Minas Gerais, fez 116 perícias, enquanto no mesmo período de 2008, foram 136 procedimentos, entre exames clínicos e de sangue.

Já o chefe da Coordenação de Operações Policiais do Departamento de Trânsito da Polícia Civil, com atuação na Capital mineira, delegado Márcio Lobato, informou que, “somente no ano passado foram encaminhados 1.200 inquéritos à Justiça relativos a motoristas que fizeram uso de bebida alcoólica”.

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