quinta-feira, 26 de junho de 2008

Celina Albano resgata o ‘Cine Pathé’ em Belo Horizonte



Nesta quinta-feira, dia 26, às 19h, a Conceito Editorial lança, na Livraria da Travessa (Av. Getúlio Vargas, 1045, na Savassi), em Belo Horizonte, o livro “Cine Pathé”, da professora Celina Albano. A obra, que faz parte da Coleção “BH, a cidade de cada um”, criada em 2004, pelos jornalistas José Eduardo Gonçalves e Sílvia Rubião, resgata, em homenagem, parte de uma história que ainda não se perdeu no tempo. Mesmo porque o Cine Pathé continua como referência de “um lugar inesquecível” na lembrança dos mineiros e, principalmente, dos belo-horizontinos que, na segunda metade do século XX, freqüentaram matinês e sessões noturnas dos cinemas de bairro da BH de então.

“A proposta da Coleção ‘BH, a cidade...’ é se aventurar na memória afetiva de Belo Horizonte pelo olhar de seus melhores cronistas. Com mais de 10 mil exemplares vendidos, ela reúne textos inéditos com relatos variados que empreendem uma viagem sentimental pelas ruas, bairros e espaços de BH, para desvendar não só a geografia, mas também a alma, o sabor e as cores da cidade”. Na verdade, trata-se de “uma importante forma de registrar esses lugares e referências que já desapareceram ou sofreram profundas transformações”. Da Coleção fazem parte: “Lagoinha”, de Wander Piroli; “Mercado Central”, de Fernando Brant; “Estádio Independência”, de Jairo Anatólio Lima; “Rua da Bahia”, de José Bento Teixeira de Salles; “Fafich”, de Clara Arreguy; “Parque Municipa”l, de Ronaldo Guimarães; “Praça Sete”, de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos; “Livraria Amadeu”, de João Antônio de Paula; “Sagrada Família”, de Manoel Lobato; e “Pampulha”, de Flávio Carsalade. Ainda este ano serão lançados os títulos “Caiçara”, “Sion” e “Lourdes”.

Além dos livros, outra ferramenta importante de resgate dessa memória é o site do projeto: http://www.bhdecadaum.com.br/. Nele, o público pode conhecer melhor a coleção, ler crônicas inéditas sobre a cidade, sugerir assuntos e – o mais importante – escrever a sua própria história.


Em “Cine Pathé”, Celina Albano faz um passeio não só pela história desse cinema, inaugurado em maio de 1948, mas, também, pela história da produção cinematográfica nacional e mundial, pelos cinemas de bairro que pipocaram naquela época e pela própria Savassi.

“O requinte de suas instalações o diferenciava dos outros cinemas de bairro: sala de 1.000 lugares com poltronas confortáveis, equipamentos sofisticados, além da tela luminosa Westrec, considerada a mais perfeita em termos de visibilidade e projeção. O filme de estréia foi ‘Devoção’, um típico melodrama de Hollywood, produzido pela Warner Brothers”. Começava, assim, “uma história de amor de gerações de belo-horizontinos com um cinema de bairro, o cine Pathé”.

São tantas as histórias e fatos inusitados que ali ocorreram, que merecia um filme. No dia 22 de fevereiro de 1953, por exemplo, “os freqüentadores do Pathé organizaram um movimento de protesto contra o aumento de 80 centavos no preço do ingresso. Uma demonstração da importância que o cinema representava no lazer dos moradores do bairro dos Funcionários”.

Ao longo de quase 50 anos, “grandes sucessos de bilheteria foram exibidos na sua tela, como ‘O Egípcio’, baseado no best seller do escritor Mika Waltari, com Edmund Purdon, Jean Simmons, Gene Tierney e Victor Mature; ‘O Pecado Mora ao Lado’, de Billy Wilder, com Marilyn Monroe em uma de suas cenas mais famosas, a do vestido branco esvoaçando no ar de um bueiro em Nova York; a superprodução de Cecil B. de Mille, ‘O Maior Espetáculo da Terra’, com Cornel Wilde, Gloria Graham e James Stewart; ‘20 Mil Léguas Submarinas’, da obra de Júlio Verne, com Kirk Douglas; ‘Melodia Imortal’, a lacrimejante história do músico Eddie Duchin, com Tyrone Power e Kim Novak; ‘O Homem Que Sabia Demais’, o eletrizante treiler de Alfred Hitchcock, com James Stewart e Doris Day; e as sensacionais acrobacias de Burt Lancaster, Gina Lolobrigida e Tony Curtis, em ‘Trapézio’ ”.

Hoje, o cinema permanece fechado e em suas instalações funciona um estacionamento.

Nascida em Belo Horizonte, Maria Celina Pinto Albano (foto/José Israel Abrantes) é doutora em Sociologia. Ainda na infância, no bairro dos Funcionários, viu surgir o Cine Pathé e com ele uma grande paixão pelo cinema, tendo, mais tarde, se tornado crítica do Jornal “Estado de Minas”. Foi professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, secretária de Cultura de Minas Gerais e do município de Belo Horizonte. Especialista em políticas públicas, sempre privilegiou em suas pesquisas, temas relacionados com o espaço urbano e a cultura. “Escrever este livro foi como passar em revista não só a história do Pathé que tanto marcou várias gerações, mas também a vida cultural da cidade, instigando uma reflexão sobre as mudanças que a Capital vem experimentando nos últimos anos”, afirma a autora.

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