domingo, 29 de junho de 2008

Acidentes com cerol devem aumentar nas férias

Da AGÊNCIA MINAS

“Mais da metade dos casos de acidentes com linhas de cerol atendidos, este ano, no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, foram registrados apenas nos 26 primeiros dias de junho. Das 23 vítimas que deram entrada, 13 foram este mês”. Esta é a última estatística do Hospital de Pronto Socorro João XXIII, o conhecido HPS. “E a tendência é que esses números aumentem mais ainda, pois é nessa época do ano que acontece maior incidência de casos. Em 2007, 91% do total de 45 acidentes registrados no hospital – ou seja, 41 vítimas – foram atendidas nos meses de junho e julho. Já em 2006, de um total de 34, 27 aconteceram nesses meses, ou seja, quase 80 por cento”, revela o levantamento.

Segundo o médico cirurgião geral e do trauma do HPS, Otaviano Augusto de Paula Freitas, “é nesse período de mais ventos que as crianças, em férias escolares, fazem uma ‘guerra’ de pipas. A brincadeira requer cuidados e, principalmente, vigilância dos pais ou responsáveis. Muitas crianças ainda fazem o tal ‘cerol’, uma perigosa mistura de vidro moído com cola, e passam na linha, provocando acidentes graves que podem levar à morte”.

As principais vítimas são os ciclistas e motoqueiros, surpreendidos com as linhas bezuntadas de cola e vidro moído, mistura que pode transformar uma saudável brincadeira infantil em arma mortal. Por ser um hospital referência em trauma, o HPS recebe o maior número de casos na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Os casos têm demonstrado que “os ferimentos provocados por cerol podem ser superficiais ou profundos e, na maior parte das vezes, atingem a região cervical, membros inferiores e mãos”. Mas “o pescoço preocupa porque é uma área de grandes vasos, veias e artérias que podem ser cortadas pelo cerol e sangrar muito”, alertam os médicos. Segundo eles, “além disso, a pessoa pode morrer na hora por enforcamento”. Daí, “a dica para se evitar o problema: instalar antenas de proteção em motos e bicicletas”.

Como se não bastassem os problemas provocados pelo cerol, também nessa guerra, “o tiro pode sair pela culatra”. Ou seja: quem mexe com a mistura perigosa, também pode se transformar em alvo.

“As lesões nas mãos e pernas são mais comuns com quem está soltando papagaio, seja na hora do preparo ou mesmo se enroscando na linha do cerol” lembram os médicos, advertindo que “as complicações por infecção são outro problema”, pois, “em casos mais graves, há o risco de perda do membro por infecção”. Eles consideram que “a educação e a punição dos responsáveis ainda são a melhor saída para evitar que esses acidentes se repitam em grande número, todos os anos”.

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