terça-feira, 2 de dezembro de 2008

‘Terças Poéticas’ encerra 2008 com homenagem a Ataulfo Alves



Numa noite que já se antecipa de muito saudosismo, o poeta do samba, Ataulfo Alves, será homenageado pelo violonista e cantor Waldemar Euzébio Pereira (foto/Gabriela Pilati) e pela cantora Rita Silva, no “Terças Poéticas”, a partir das 18h30min deste 2 de dezembro, nos jardins internos do Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Em um espetáculo com entrada franca, em que serão relembradas grandes canções do sambista, a participação especial de Ataulfo Júnior vai garantir ao público, músicas, como “Ai que saudade da Amélia”, “Leva meu samba”, “Meus tempos de criança”, entre outras.

O espetáculo acontecerá a partir de músicas, letras e biografia de Ataulfo Alves – que, em 2009, completaria 100 anos -, mostrando a forte presença da música no cotidiano deste mineiro de Miraí, que se tornou um dos maiores artistas brasileiros. Waldemar Euzébio Pereira e Rita Silva vão interpretar clássicos, como “Laranja madura”, “Na cadência do samba”, e “Pois é”.

O projeto de leitura, vivência e memória de poesia, Terças Poéticas, é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, em parceria com o Suplemento Literário e a Fundação Clóvis Salgado. Desde 2005, quando foi iniciado, o projeto já teve, até o momento, 117 edições, sendo a última do ano, nesta terça-feira, com a série retornando em abril de 2009.

Aos oito anos de idade, Ataulfo Alves de Sousa já fazia versos, respondendo aos improvisos do pai. Aos 18 anos, aceitou o convite de um médico de Miraí, para acompanhá-lo ao Rio de Janeiro, onde fixaria residência.

Durante o dia, trabalhava no consultório, entregando recados e receitas e, à noite, fazia limpeza e outros serviços domésticos na casa do médico. Insatisfeito com a situação, conseguiu uma vaga de lavador de vidros na Farmácia e Drogaria do Povo. Depois do trabalho, voltava para casa, no bairro de Rio Comprido, onde costumava freqüentar rodas de samba. Já sabendo tocar violão, cavaquinho e bandolim, organizou um conjunto que animava as festas do bairro.

Em 1928, com apenas 19 anos de idade, casou-se com Judite. Nessa época, em que começara a compor, tornou-se diretor de harmonia de ‘Fale Quem Quiser”, bloco organizado pelos moradores do bairro carioca. Em 1933, Bide, que viria a fazer sucesso com o samba “Agora é cinza” (com Marçal), ouviu algumas de suas composições e resolveu apresentá-lo a Mr. Evans, diretor americano da Victor. Foi então que Almirante gravou o samba “Sexta-feira”, sua primeira composição a ser lançada em disco. Dias depois, Carmen Miranda, que ele havia conhecido antes de ser cantora, gravou “Tempo perdido”, garantindo sua entrada no mundo artístico.

Em 1935, através de Almirante e Bide, conseguiu seu primeiro sucesso com “Saudade do meu barracão”, gravado por Floriano Belham. Seu nome ganhou destaque quando apareceram as gravações do samba “Saudade dela”, em 1936, por Silvio Caldas, e da valsa “A você” (com Aldo Cabral), e do samba “Quanta tristeza” (com André Filho), em 1937, por Carlos Galhardo, que se tornaria um dos seus grandes divulgadores.

Em 1942, a situação financeira difícil e a hesitação dos cantores em gravar sua última composição, fizeram com que ele próprio lançasse, para o Carnaval do ano, “Ai, que saudades da Amélia”. Gravado com acompanhamento do grupo Academia do Samba e abertura de Jacó do Bandolim, o samba, feito a partir de três quadras apresentadas por Mário Lago para serem musicadas, resultou em grande sucesso popular.

Ao continuar interpretando suas músicas, juntou-se a um grupo de cantoras e organizou o chamado “Ataulfo Alves e suas Pastoras”. Convidado por Humberto Teixeira, em 1961, participou de uma caravana de divulgação da música popular brasileira na Europa, para onde levou “Mulata assanhada” e “Na cadência do samba” (com Paulo Gesta), que acabara de lançar. Retornou no mesmo ano, quando fundou a ATA (Ataulfo Alves Edições) e, então, tornou-se editor de suas próprias músicas.

Depois de fazer, em 1964, uma temporada no Top Club, do Rio de Janeiro, sentiu piorar a úlcera e, em 1965, decidiu passar o seu título de”General do Samba” para seu filho, Ataulfo Alves Júnior. Em decorrência do agravamento de sua doença, faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1969.

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